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Acampamento Quilombo Campo Grande, no Sul de Minas, recebe ordem de despejo imediato

Famílias alertam para as consequências perigosas de uma ação policial neste momento

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
acampamento mst
Acampamento resiste há mais de 20 anos, gerando trabalho e renda para 450 famílias - MST

Mesmo com decreto de calamidade pública em Minas Gerais, a Justiça determinou o cumprimento imediato do despejo da escola e da vila de moradores do acampamento Quilombo Campo Grande, localizado na cidade de Campo do Meio, no Sul de Minas, na sexta (17). Na última semana, a mesa de diálogo sobre conflitos de terra se reuniu e apontou que as famílias deveriam permanecer no local, pelo menos durante o isolamento social.

Débora Mendes, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), alerta para as consequências de uma ação policial neste momento, que pode colocar em risco a saúde de toda a população da cidade de Campo do Meio. "A vinda de policiais militares agora representa uma dupla ameaça para nós, já que além da truculência, a vinda deles para o município poderá trazer o vírus também. Isso só deixa mais claro que os governos fascistas, como o governo Zema, não estão nem um pouco preocupados com a vida dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras".

Campo do Meio ainda não possui casos registrados da COVID 19.

No acampamento Quilombo Campo Grande residem 450 famílias, que produzem o café Guaií. São mais 20 anos de resistência e construção da reforma agrária popular na área.

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Para Débora, "o conflito perdura por tantos anos porque os antigos donos da usina falida, como Jovane de Souza Moreira e filhos, são estelionatários na região e contam com apoio de elites políticas, do atual prefeito e aliados, como o fazendeiro de café João Faria. Os moradores daqui sabem que esse grupo de corruptos financiam jagunços que ameaçam constantemente a segurança dos nossos produtores". O filho de Jovane é candidato a prefeito em Alfenas, cidade vizinha ao município.

A ação de reintegração de posse prevê a retirada da vila de moradores e da estrutura da Escola Popular Eduardo Galeano, que oferece educação popular aos jovens, crianças e adultos. Durante a pandemia, a escola tem cumprido o papel de acompanhar as crianças que estão em regime de educação à distância. "Esperamos que o judiciário acolha o clamor das famílias e reverta essa covarde decisão. Que a polícia não incorra neste erro de colocar a todos em risco e que o governador Zema reveja essa sua política genocida. Caso contrário, o município vai sofrer ainda mais com a pandemia, tendo famílias desabrigadas", adverte a dirigente.

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Edição: Antônia Sampaio