Desvio

No Rio, polícia prende suspeitos de corrupção em contratos milionários na Saúde

Suspeitos são investigados por esquema de fraude e corrupção envolvendo Iabas, Prefeitura do Rio e governo do estado

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Prefeitura criticou pedido de informações do MP, alegando que não há falta de leitos - Maria Ana Krack/PMPA

Nesta quinta-feira (23), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Polícia Civil cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão dentro da operação que investiga integrantes do Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas). Os suspeitos são investigados por esquema de fraude e corrupção em contratos milionários na área da Saúde envolvendo o Iabas, a Prefeitura do Rio e o governo do estado

Entre os alvos da operação desta quinta (23), estão o ex-controlador da Organização Social (OS), Luis Eduardo da Cruz, e a sua companheira, Simone Amaral da Silva Cruz. De acordo com a Polícia Civil, não é de hoje o acordo entre governos estaduais, municipais e o Iabas. A antiga gestão da OS recebeu, entre os anos de 2009 e início de 2019, R$ 4,3 bilhões em recursos públicos. Desse montante, R$ 6,5 milhões teriam sido desviados. 

A investigação aponta que a organização nunca apresentou prestação de contas sobre a aplicação da verba na área de saúde pública. A Polícia afirma que ainda não se sabe quando o esquema começou. Os recursos municipais perpassam gestões de Eduardo Paes (MDB) e Marcelo Crivella (Republicanos) na Prefeitura do Rio. Já em relação ao governo do estado, está sendo investigada a construção dos hospitais de campanha - que levou à abertura do processo de impeachment do governador Wilson Witzel (PSC).

Leia também: Justiça nega pedido de Wilson Witzel para suspender processo de impeachment

Além de Luís e Simone, foram presos, no início da manhã desta quinta (23), os empresários Marcos Duarte da Cruz - irmão de Luis - e Francesco Favorito Sciammarella Neto. Outro alvo da ação foi Adriane Pereira Reis. Todos foram levados para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte do Rio. Os crimes investigados são peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Em nota, a Prefeitura do Rio informou que "a gestão de Crivella desqualificou o Iabas e tirou o Iabas da Prefeitura do Rio". Segundo o texto, ao assumir, o atual prefeito "herdou a contratação do Iabas da gestão do prefeito anterior, Eduardo Paes". A nota frisa ainda que "Crivella desqualificou o Iabas após um processo com ampla defesa, por não atingir 50% das metas propostas no contrato de gestão. 

Já Daniel Soranz, secretário de Saúde da gestão de Eduardo Paes, disse também em nota que sempre agiu com "transparência e lisura em todos os seus processos". E pede cautela para que julgamentos precipitados sejam evitados: "a Secretaria Municipal de Saúde do Rio durante a gestão Eduardo Paes sempre atuou com transparência e lisura em todos os seus processos".

O Iabas, por sua vez, afirmou que as investigações têm como foco os contratos de gestão com a Prefeitura do Rio que já não estão em vigência, não incluindo os referentes aos hospitais de campanha com o governo estadual firmados durante a pandemia da covid-19. A OS afirma que "mantém estritos padrões de comportamento ético e legal e que presta regularmente contas de suas ações aos órgãos de controle das entidades contratantes e aos Tribunais de Contas".

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse e Rodrigo Durão Coelho