Bolívia

TSE da Bolívia adia novamente eleição presidencial: agora, para 18 de outubro

Motivo, segundo o presidente do órgão, Salvador Romero, é o mesmo do primeiro adiamento: a pandemia de coronavírus

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As eleições presidenciais bolivianas estavam previstas para acontecer, inicialmente, no dia 3 de maio
As eleições presidenciais bolivianas estavam previstas para acontecer, inicialmente, no dia 3 de maio - Daniel Giovanaz

O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia anunciou nesta quinta-feira (23/07) um novo adiamento das eleições presidenciais do país de 6 de setembro para 18 de outubro deste ano, com um eventual segundo turno em 29 de novembro. O motivo, segundo o presidente do órgão, Salvador Romero, é – de novo – a pandemia de coronavírus.

“Esta eleição requer as maiores medidas de segurança sanitária possíveis para proteger a saúde dos bolivianos. Não podemos nem ir às eleições sem resguardo suficiente”, disse Romero. “É recomendável realizar a eleição na fase descendente da pandemia, para minimizar riscos.”

Na segunda-feira (20/07), o Comitê Científico Nacional, que trabalha assessorando o Ministério da Saúde do governo Áñez no combate à covid-19, havia enviado uma carta ao presidente do TSE recomendando que as eleições presidenciais programadas para setembro não fossem realizadas. Segundo a Universidade Johns Hopkins, até esta quinta, a Bolívia registrou 64.135 casos de covid-19, com 2.323 mortes.

A data anterior, 6 de setembro, havia sido aprovada pelo Parlamento e referendada, após pressão, pela autoproclamada presidente interina Jeanine Áñez. Romero afirma que uma nova votação na Assembleia Legislativa não seria necessária. Até o último momento, Áñez tentou um novo adiamento, usando também como justificativa a pandemia de coronavírus.

As eleições presidenciais bolivianas estavam previstas para acontecer, inicialmente, no dia 3 de maio. No entanto, foram suspensas pelo TSE após Áñez decretar quarentena na Bolívia em março.

O ex-presidente Evo Morales, derrubado por um golpe de Estado e hoje refugiado na Argentina, disse que Áñez quer "ganhar tempo" para perseguir a oposição. "O governo de facto quer ganhar mais tempo para continuar com a perseguição contra dirigentes sociais e contra candidatos do MAS-IPSP. Essa é outra forma de proscrição. Por isso, não quer eleições em 6 de setembro", escreveu.

"As leis 1297 e 1304 determinam os prazos para que as eleições se realizem. O único órgão do Estado que pode modificar este prazo é a Assembleia Legislativa Plurinacional. Qualquer decisão unilateral é ilegal e inconstitucional", prosseguiu.

Pouco antes do anúncio do adiamento, Morales já havia se manifestado. “[A mudança da data] Prolonga a agonia do governo em um mar de incapacidades e ambições que o impediu, em oito meses, tomar medidas para manejar a catástrofe humana e econômica atuais”, afirmou.

Por sua vez, Áñez, candidata à reeleição, disse que cumprirá a data que "o TSE e a Assembleia fixem para as eleições". "Qualquer que seja essa data, o governo chama a impulsar entre todos a reativação econômica, a luta contra o vírus e a consolidação da democracia", afirmou, pelo Twitter.

O direitista Carlos Mesa, que vai disputar esta eleição e foi o principal adversário de Morales em 2019, disse que "respalda" a mudança. "Cumpriremos essa norma e acataremos essa nova data [...] Essa decisão do tribunal mostra uma responsabilidade com o país, acreditamos que esse é o momento de nos preocuparmos com o agora", afirmou.

Segundo a última pesquisa publicada antes do início da quarentena, Arce aparece com 33% das intenções de voto, seguido por Mesa, com 18,3%, e Áñez, com 16,9%.