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Cronistas esportivos criticam volta do Paranaense: “desrespeito com a sociedade”

Programa debateu cenários para o futebol do estado, durante e para o pós-pandemia

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Programa debateu volta do futebol no Paraná - Divulgação_Gabriel_Carriconde

A “live” era para ser grande um encontro de alguns dos principais nomes da crônica esportiva paranaense, mas também poderia ser a transmissão de algum jogo de futebol pelo rádio. Capitão Hidalgo, radialista a ex-jogador do Coritiba, Marcelo Ortiz, um dos principais nomes da narração esportiva do País, Mauro Mueller, apresentador de TV, e Henry Xavier, comentarista e radialista, se reuniram a convite do também narrador esportivo e jornalista do Brasil de Fato Paraná, Gabriel Carriconde, para dar a visão de quem vive no limite entre as arquibancadas e os gramados sobre o momento que o futebol paranaense passa durante a pandemia de Covid-19 e o futuro dos clubes do Paraná. Em comum entre eles, a crítica pela maneira como retornou o Campeonato Paranaense de 2020, após quatro meses paralisado por conta da pandemia, que já levou a mais de mil óbitos no estado e a mais de 90 mil vítimas em todo o Brasil.

Por intermédio de um pedido do presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury, a Secretaria de Estado da Saúde liberou o retorno dos jogos mesmo com a taxa de leitos de UTI-Covid passando dos 90% em todo o Estado e o número de óbitos triplicando em Curitiba (PR). A liberação veio após o fracasso no decreto de “quarentena restritiva” assinado pelo governador Ratinho Jr. Mesmo com o temor da competição ter que ser cancelada novamente por conta de atletas e jogadores acabarem sendo infectados, a exemplo do que ocorreu com o Campeonato Catarinense, o Estadual voltou.

Para o narrador Marcelo Ortiz, a volta ocorreu por conta de caprichos do presidente da federação, e que esse não era o momento de retorno do futebol. Com a voz embargada por conta de ter sido acometido pela Covid-19, Ortiz ainda criticou a gestão do governo federal em relação à pandemia. “É um desrespeito com atletas, profissionais e com a própria sociedade se pensar em futebol neste momento. Ainda mais com a situação do jeito que está em todo o Brasil, com um presidente minimizando a pandemia”, criticou.

Para o apresentador Mauro Mueller o retorno coloca os próprios torcedores em risco, mesmo com os jogos de portões fechados. “São esses torcedores que acabam se reunindo pra acompanhar os jogos e correm o risco de se infectarem”, relata. 

Com mais oito Copas do Mundo na bagagem, para o veteraníssimo José Hidalgo Neto, o Capitão, o retorno foi atropelado. Ele atualmente é diretor de esportes da Rádio Cidade e decidiu não transmitir os jogos finais. “Tomamos essa decisão para proteger nossos profissionais. O presidente da federação quis um retorno atropelado sem que houvesse um momento para isso. O campeonato está desprestigiado”, crítica.

Coritiba, Rio Branco, Operário, Athletico, Paraná Clube e Londrina tiveram que retornar aos gramados nas últimas semanas. Inclusive com casos de contágio na equipe alviverde, como o goleiro Alex Muralha. A FPF garante que os jogos estão cumprindo os critérios sanitários exigidos pelas autoridades e que aplica testes em todos os envolvidos nas partidas.

Edição: Frédi Vasconcelos