Clube do Livro

Livro lançado pela Expressão Popular propõe uma nova leitura acerca do imperialismo

Obra organizada pelo economista argentino Emiliano López aborda as desigualdades impostas ao Sul Global. 

Belém (PA) | Brasil de Fato |
Livro parte de uma nova abordagem sobre o imperialismo para gerar reflexões acerca das desigualdades no sul global. - Reprodução

O livro "As veias do sul continuam abertas" – lançado neste mês de agosto pelo Clube do Livro da Expressão Popular –  aborda a responsabilidade do capitalismo global na geração de desigualdades entre países e regiões. A obra nasce de um diálogo coletivo sobre os postulados de Karl Marx, Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo, Vladimir I. Lenin dentre outros, na tentativa de construir uma nova leitura acerca do imperialismo.

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A publicação organizada pelo economista, professor da Universidade Nacional de La Plata e pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, Emiliano López, conta com textos de autores não tão conhecidos no Brasil como Utsa Patnaik, Prabhat Patnaik, John Smith, E. Ahmet Tonak, Gabriel Merino, além do cientista social Atílio Boron.

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"No livro, tentamos atualizar a discussão sobre o imperialismo neste novo século e à luz dos eventos que os povos do Sul global experimentaram desde os anos após a queda do Muro de Berlim. O mundo atual está em uma transição marcada pela crise da civilização ocidental, na qual o domínio dos Estados Unidos tem sido uma marca distintiva. Nesse sentido, a obra tenta revigorar a ideia de que o imperialismo é um conceito-chave para pensar nas posições desiguais de nossos povos no concerto global e, ao mesmo tempo, é uma categoria que nos permite promover nossa soberania, nossa independência e nossa própria cultura no sul do mundo. Repensar o imperialismo para explicar esta crise repleta de incertezas é uma tarefa urgente e é aí que o livro tenta contribuir", pontua Emiliano.

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Como exemplos de desigualdades, a obra destaca a apropriação de bens comuns na África e na América Latina; a expansão das fábricas têxteis em condições sub-humanas de trabalho na Ásia; o domínio da produção dos países do Sul da Europa e Norte da África por empresas radicadas na Alemanha e na França; a dominação do Estado de Israel sobre a Palestina; as incontáveis intervenções militares no Oriente Médio; a imposição do american way of life pela indústria cultural estadunidense, entre outros.

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Emiliano acredita que a crise civilizatória a qual atravessamos ressalta o declínio da hegemonia norte-americana e a ascensão da China como uma potência global não beligerante e mais cooperativa. 

O autor afirma que há duas partes distintas na obra. Na primeira, o texto discorre acerca do imperialismo econômico, no qual se sofre uma maior exploração de mão-de-obra e vive-se uma constante desvalorização da moeda, sujeito às pessoas à dinâmica das finanças globais com altos níveis de dívida pública.

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Na segunda parte, Emiliano aborda a disputa sobre a nova ordem global e os choques militaristas que implicam na simbologia do "monstro", como José Martí chamou os Estados Unidos.

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Quanto às semelhanças entre a sua obra e o livro de Eduardo Galeano "As veias abertas da América Latina", Emiliano afirma que é importante resgatar o poder poético do escritor uruguaio e estendê-lo a todo o Sul global. 

"A ideia de Galeano de que Nossa América era um território de saques é algo imposto a todo o sul e, acima de tudo, ainda não conseguimos mudar essa condição. Reinstalar a discussão do imperialismo, que para muitos setores progressistas e acadêmicos é um conceito que perdeu relevância, é um passo adiante para finalmente fechar nossas veias", afirma.

Para participar do Clube do Livro e receber essas e outras obras mensalmente, acesse o site da editora Expressão Popular.

Edição: Daniel Lamir