Rio de Janeiro

Racismo

Deputado associa parlamentares cariocas nascidas em favelas ao crime organizado

As deputadas Mônica Francisco e Renata Souza usaram as redes sociais para repudiar a declaração de Alexandre Freitas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Deputado estadual Alexandre Freitas, do partido Novo, fez a fala durante discussão online de parlamentares sobre um projeto de lei - Foto: divulgação

Na última quarta-feira (5), durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) o deputado estadual Alexandre Freitas (Novo) associou as deputadas Mônica Francisco (Psol) e Renata Souza (Psol), ambas mulheres negras e nascidas em favelas cariocas, ao crime organizado.

A fala aconteceu durante a discussão de um projeto de lei, de autoria do deputado Carlos Minc (PSB), que prevê alterações na lei que obriga a instalação de câmeras de vídeo nas viaturas policiais.

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"Coincidentemente, duas deputadas do Psol vieram de comunidades onde a facção que é mais violenta domina essas comunidades. Então eu convido a deputada Mônica e a deputada Renata, para a gente ir às suas comunidades para conversar com os vagabundos que estão lá. Junto com a polícia, obviamente. Pois aí elas vão parar de falar tanta bobagem e parar de chamar a polícia do Rio de Janeiro de racista", declarou Freitas. 

 

URGENTE! Ser levianamente associada a uma facção criminosa por um deputado é mais uma violência racista que enfrento na...

Posted by Mônica Francisco on Wednesday, August 5, 2020

 

Mônica nasceu no Morro do Borel, no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio, onde construiu boa parte da sua trajetória em defesa dos direitos humanos. Por meio de sua rede social, a parlamentar comentou o episódio. 

“Ser levianamente associada à facção criminosa por um deputado é mais uma violência que enfrento na Alerj. Não aceito que nenhum parlamentar use sua branquitude para me caluniar nem me reduzir por minha origem e cor. Sou mulher preta, do Borel e estou deputada, queira ele ou não”, disse a parlamentar.

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Renata Souza, nascida na Favela da Maré, também na zona Norte da cidade, comentou o episódio em suas redes sociais. Segundo ela, não foi a primeira vez que a origem social é alvo de ataques na Casa. “Um deputado do Novo usou o fato de Monica e eu sermos crias de favela para fazer ilações na tentativa de nos criminalizar. Nada de 'novo' criminalizar gente preta e favelada. O novo é ter um suposto ‘liberal’ se aliando ao bolsonarismo rasteiro, ignorante e nocivo. Vergonhoso”, escreveu em sua conta no Twitter.

Edição: Jaqueline Deister