Pernambuco

CORONAVÍRUS

Pernambuco tem 4ª pior semana de contágios e menor número de mortes em 3 meses

Números de novos casos continua alto, mas mortalidade mantém tendência de queda iniciada em junho

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O Governo do Estado decidiu manter todas as regiões estacionadas nas mesmas fases, com exceção de Araripina e Ouricuri, que saíram da quarentena rígida - Rafael Furtado

Nesta semana se completam 80 dias do encerramento período de quarentena rígida em Pernambuco e iniciou-se o processo de reabertura das atividades econômicas. O número de novos casos diagnosticados de covid-19 segue elevado. Apenas na última semana foram 7.824, casos confirmados, o que faz desta a quarta pior semana neste quesito desde o início da pandemia. 

Por outro lado, o número de vítimas fatais da doença segue caindo e, com 247 mortes, essa foi a semana com menos perdas nos últimos três meses e que se aproxima do patamar de mortes do mês de abril.


Novas mortes por covid-19 em Pernambuco / Vinícius Sobreira

Com os números atualizados nesta segunda-feira (17), de 225 novos diagnósticos, 22 novas mortes e 1.968 recuperados, o estado tem hoje um índice de letalidade de 6,37%, enquanto 12.584 pernambucanos (11,1% do total de diagnósticos) seguem com o vírus ativo, em tratamento domiciliar ou ambulatorial. Os 93.389 recuperados correspondem a 82,5% dos que tiveram covid-19 no estado.


Novos diagnósticos e mortes causadas pelo coronavírus no estado / Vinícius Sobreira

Pernambuco responde por 3,37% dos diagnósticos confirmados no Brasil. O total de diagnósticos atesta que no mínimo 1,18% da população do estado teve covid-19. Considerando uma subnotificação estimada em até sete vezes, o percentual da população que teve contato com o vírus ultrapassa os 8%, ou quase 800 mil pessoas.

No Nordeste, 1.027.595 pessoas foram diagnosticadas com covid-19 e 32.488 casos resultaram em morte (taxa de letalidade de 3,16%). Aproximadamente 2% dos nordestinos tiveram diagnóstico confirmado de covid-19 e a região responde por 30,6% dos diagnósticos no país. No Brasil já são 3.359.570 casos confirmados (1,6% da população), além de 108.536 mortes (taxa de letalidade de 3,23%).


Balanço do total de casos e mortes por covid-19 em Pernambuco / Vinícius Sobreira

Reabertura Econômica

Em relação ao cronograma de retomada das atividades em Pernambuco, o Governo do Estado decidiu por manter todas as regiões estacionadas nas mesmas fases, com exceção dos municípios de Araripina e Ouricuri, que estavam cumprindo um período de 10 dias de quarentena rígida e voltaram nesta segunda à “Etapa 4”, na qual são permitidos o funcionamento de salões de beleza e clínicas de estética, comércio varejista e de automóveis, centros de compras como shoppings e a indústria da construção civil, mas todos com horários restritos e seguindo os protocolos. Os demais municípios da região do Araripe também estão nesta etapa.

Ainda no Sertão, as regiões de Petrolina e Salgueiro permanecem na “Etapa 5”, com serviços de escritório funcionando com 50% dos trabalhadores. Já as regiões de Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Arcoverde estão na “Etapa 6”, já com academias, restaurantes, bares e lanchonetes funcionando, mas com horário restrito e 50% da capacidade de clientes. O Agreste também está na “Etapa 6” e já reabriu as feiras e polos de confecções. A Região Metropolitana do Recife está na “Etapa 7”, com restaurantes, bares e shoppings funcionando em horário prolongado.

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A partir desta segunda (17) foi autorizada, em todo o estado, a volta das aulas de artes marciais. Estão permitidas desde a última semana em todo o estado as competições esportivas de modalidades individuais, incluindo vaquejadas, desde que sem público e com protocolos definidos pelas prefeituras. Também foi permitida a volta das atividades dos mototaxistas, desde que cumpram protocolos de higienização do capacete e da moto entre as caronas, além de distanciamento de 1,5 metro durante as esperas nos pontos de mototaxi.

Ainda não há previsão para retorno das aulas presenciais em escolas e universidades. O decreto em vigor mantém a suspensão até 31 de agosto. Já as aulas de “cursos livres”, como línguas, instrumentos musicais, auto-escola, cursos profissionalizantes e outros que não são parte do currículo da educação básica ou superior, estes puderam retomar atividades a partir desta segunda (17), mas com restrições na quantidade e na idade dos estudantes, avançando gradualmente semana a semana e funcionando plenamente a partir de 8 de setembro.

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Em entrevista coletiva na última semana, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Bruno Schwambach, voltou a criticar a ausência de políticas de incentivo para as micro e pequenas empresas por parte do Governo Federal. “Há muitos anúncios e pouca efetividade. Através da nossa agência de empreendedorismo soltamos algumas linhas de financiamento para onde se gera mais emprego, que são as micro e pequenas empresas”, disse.

Cultura

Schambach disse que o comitê estadual de enfrentamento à covid-19 não está ainda pensando sobre a realização ou cancelamento das festas de Reveillon ou Carnaval, mas focado em construir uma solução viável para a volta das aulas escolares presenciais. Mas deu perspectiva para os artistas, impossibilitados de trabalhar desde março. “Estamos esperando a regulamentação da Lei Aldir Blanc para, a partir dela, a nossa Secretaria de Cultura [de Pernambuco] abrir editais. Temos direito a R$74 milhões, que ajudarão esses setores a voltarem às atividades”, disse o secretário.

A lei de Emergência Cultural foi aprovada pelo Congresso Nacional em junho, garantindo repasse de recursos públicos para os estados, que devem destinar os recursos para projetos artísticos durante o período de pandemia. A lei ainda aguarda que a origem dos recursos e critérios de repasse sejam detalhados através de regulamentação do Governo Federal. Sobre teatros e cinemas, o secretário alega que o comitê deve divulgar protocolos em breve, mas a reabertura só deve ser permitida na nona etapa  do Plano de Convivência com o coronavírus. “Quanto melhor baixarmos a curva [de contágio], mais rápido poderemos liberar as demais atividades”, disse.

Hospitais e Pesquisas

O secretário estadual de Saúde, André Longo, afirmou que mesmo durante a pandemia alguns tratamentos mais essenciais, como de cardiologia e oncologia, seguiram funcionando, apesar de haver redução do número de pacientes e profissionais. “Parte dos recursos humanos precisaram se afastar por serem grupo de risco, outros foram deslocados para o combate à pandemia”, aponta. E ele mantém a posição de que outros procedimentos, que não são urgentes, devem ser deixadas para o futuro. “Não há sentido fazer cirurgia estética agora. Essas e outros, cujos benefícios e necessidades não são imediatos, podem ser postergados”, considera.

O estado já divulgou protocolos de segurança que devem ser seguidos por hospitais públicos ou privados. Sobre o desmanche de leitos de UTI na região metropolitana, onde a demanda tem caído, ele confirma que existe a possibilidade e que os equipamentos devem ser destinados a hospitais de campanha em regiões do estado em que ainda há demanda, ou devem deixarão de ser usados como leitos em hospitais como leitos “comuns”.

Longo também afirmou que em Pernambuco, o médico Demócrito Miranda, que atua junto ao Instituto Aggeu Magalhães (da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz) está com um estudo sobre tratamento de covid-19 utilizando transfusão de plasma de pacientes já recuperados da doença. O estudo ainda está em fase inicial. “A ideia é envolver 220 pacientes, dos quais metade recebem plasma convalescente. O estudo dialoga com outras iniciativas ao redor do mundo que estão buscando avaliar a efetividade desse tipo de tratamento”, diz Longo. 

O secretário também convoca voluntários. “Pessoas que fizeram o teste e comprovaram que tiveram covid-19, que possam se habilitar para doar sangue, estará fazendo um gesto de solidariedade e ajudando no enfrentamento à pandemia”, diz ele. Os doadores devem ser do sexo masculino, ter entre 18 e 69 anos e estar recuperado da covid-19 há no mínimo 30 dias. O agendamento é feito através do telefone (81) 3182-4630.


 

Edição: Vanessa Gonzaga