Rio de Janeiro

ESQUEMA

"Guardiões do Crivella" custou quase R$ 1 milhão por ano aos cofres públicos

As investigações sobre a atuação do grupo começaram na terça-feira (1) menos de um dia após a denúncia da TV Globo

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Os "guardiões" eram distribuídos por escalas, postavam fotos para "bater ponto" e comemoravam quando atrapalhavam a imprensa - Reprodução

O processo de impeachment contra o prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos) está sendo avaliado na Câmara dos Vereadores na tarde desta quinta-feira (3). Ao todo, dois pedidos de impedimento foram protocolados na Casa após a denúncia do esquema "Guardiões do Crivella". O primeiro foi apresentado pela deputada estadual e pré-candidata à Prefeitura da capital, Renata Souza (Psol), o segundo pelo vereador Átila A. Nunes (DEM).

Os pedidos foram motivados após denúncia de reportagem da TV Globo, na última segunda-feira (31), que mostra contratados da prefeitura deslocados para a porta de unidades de saúde da rede municipal para impedir o trabalho da imprensa e a reclamação de usuários do sistema sobre a ineficiência do atendimento.

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Os “guardiões” não se apresentavam com crachás de funcionários da Prefeitura do Rio. Eles eram distribuídos por escalas, postavam fotos para "bater ponto" e comemoravam quando atrapalhavam a imprensa. O líder do esquema apontado é Marcos Luciano, conhecido como "ML", que tem cargo especial com salário de R$ 18.513,78 no município. Ele foi missionário ao lado de Crivella e é assessor especial do gabinete do chefe do Executivo municipal.

Um levantamento realizado pelo G1 mostra que os “guardiões” tinham um custo anual aos cofres públicos da capital fluminense de quase R$ 1 milhão, considerando o salário de 18 servidores, participantes do grupo de Whatsapp. De acordo com o portal, o gasto público pode ser muito maior, pois o grupo tinha 252 participantes e incluía também secretários municipais e o próprio prefeito Crivella. 

Desdobramentos

As investigações sobre a atuação do grupo “Guardiões do Crivella” começaram menos de um dia após a denúncia feita pela TV Globo. Na de terça-feira (1), a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) iniciou a Operação Freedom e cumpriu nove mandados de busca e apreensão para investigar os funcionários da prefeitura deslocados para intimidar a imprensa.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos (SUBCRIMINAL/MPRJ), com apoio do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ), instaurou procedimento preparatório criminal para investigar a possível prática de crimes que teriam sido cometidos pelo prefeito Marcelo Crivella através da montagem e manutenção de um serviço ilegal na porta dos hospitais municipais. 

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Segundo o MP-RJ, além dos crimes de associação criminosa e constrangimento ilegal, previstos nos artigos 288 e 146 do Código Penal, será avaliada a prática da conduta criminosa do artigo 1º, inciso II do decreto lei 201/67, que dispõe sobre a responsabilidade de prefeitos.

No fim da noite de terça-feira (1), Crivella se manifestou pela primeira vez sobre a reportagem que denunciou o esquema criado para constranger repórteres e pacientes da rede municipal de saúde. O prefeito atacou as Organizações Globo em seu pronunciamento em uma rede social.

"Não cabe a mim a acusação de que seria responsável por esse constrangimento que as Organizações Globo sofrem durante as suas reportagens. Vou governar até o último dia, pautado pelo sagrado interesse do povo, sem recuar, sem me agachar e sem temer", disse. 

Edição: Jaqueline Deister