ELEIÇÕES 2020

A três meses das eleições, conheça os nomes que podem disputar prefeitura do Recife

Pré-candidatos da direita apostam no apoio de Bolsonaro; campo progressista deve ter duas candidaturas

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O 1º turno vai ser realizado no dia 15 de novembro - Reprodução

O ano de 2020 é de eleições municipais, com os brasileiros e brasileiras decidindo quem vai comandar as políticas públicas dos mais de 5.500 municípios do país pelos próximos quatro anos. A capital pernambucana é um dos municípios cujo prefeito, Geraldo Julio (PSB), encerra seu segundo mandato em dezembro. Dos 1,6 milhões de moradores do Recife, pouco mais de 1,2 são eleitores. Geraldo Júlio tenta fazer seu sucessor, o deputado federal João Campos (PSB), com o PCdoB como aliado, além de uma gama de partidos. 

Ainda no campo progressista, outra candidatura competitiva é a da deputada federal Marília Arraes (PT). Ela deve entrar na disputa com o apoio do PSOL, que pela primeira vez abre mão de uma candidatura própria no município. João e Marília têm o desafio de evitar que a disputa seja caracterizada como briga intrafamiliar, visto que são primos. 

Túlio Gadelha atualmente é deputado federal pelo PDT e havia se colocado à disposição para participar da disputa pelo cargo de prefeito. Os dirigentes nacionais e estaduais da sigla não veem com bons olhos uma candidatura própria, preferindo colocar o partido numa composição com o PSB. Mas, no município, o grupo liderado por Túlio e composto pela maioria dos pré-candidatos a vereadores avaliam como preferencial, caso o partido retire a candidatura de Túlio, uma aliança com o PT.

No campo da direita, nomes já tarimbados de disputas anteriores e nomes pouco conhecidos tentam se apresentar como opção para o eleitorado. Mendonça Filho (DEM) e Daniel Coelho (DC) fazem um duelo à parte, na tentativa de formar um bloco mais sólido e de demonstrar mais potencial eleitoral que o outro. Só um dos dois deve ir para a disputa e o outro vai apoiar. Grupos mais tradicionais, como PSDB e PTB, estão com Mendonça; enquanto o PSL e a família Ferreira estão com Daniel. Ambos creem que, caso cheguem ao segundo  turno, conseguem vencer a disputa. Mas muita gente tem apostado no “voo solo” da delegada Patrícia Domingos como a candidatura com maior potencial para unificar o eleitorado de direita no Recife.

Além de prefeitos, a população também deve eleger vereadores para fazer e alterar leis locais e representar os interesses da população nas câmaras municipais. Em Pernambuco são 184 municípios, dos quais mais de dois terços dos atuais prefeitos devem tentar reeleição, colocando à prova seus quatro anos de gestão. Apenas 50 municípios têm seus prefeitos encerrando gestão e obrigatoriamente terão novos nomes à frente do Poder Executivo a partir de janeiro.

Calendário

Devido à pandemia do coronavírus, o calendário eleitoral foi adiado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Agora os partidos devem definir suas candidaturas à prefeitura e à câmara de vereadores entre os dias 31 de agosto e 16 de setembro. 

As candidaturas podem ser registradas no TSE até 26 de setembro. As propagandas eleitorais – inclusive na internet – só são permitidas a partir de 27 de setembro. A votação no primeiro turno ocorre em 15 de novembro e, apenas duas semanas depois, já temos o segundo turno em 29 de novembro.

Confira quem são os pré-candidatos à Prefeitura do Recife:

João Campos (PSB)

O filho mais velho do ex-governador Eduardo Campos (PSB). João formou-se em engenharia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ocupou cargos auxiliares junto ao governador Paulo Câmara (PSB). Em 2018, candidatou-se à Câmara Federal com uma campanha evocando o DNA do pai e apoiado por muitos prefeitos, alcançando 460 mil votos, um recorde no estado. Tem feito um mandato ativo na Câmara Federal, na bancada de oposição ao governo Bolsonaro, se destacando nas pautas de educação, ciência e tecnologia. 

João Campos conta com a força dos apoios das atuais gestões municipal e estadual, 26 dos 39 vereadores do Recife (18 são do PSB), além de uma rede de dezenas de lideranças comunitárias ligadas à gestão municipal. Sua candidatura já recebeu o apoio declarado do PCdoB, MDB, PRB, PROS e PTC, e tem encaminhado apoios do PP e PSD.

Marília Arraes (PT)

Também da família Arraes-Campos, a advogada Marília Arraes iniciou sua vida política no PSB, sendo eleita e reeleita vereadora em 2008 e 2012. Foi secretária de Juventude do Recife na primeira gestão Geraldo Julio (PSB) e rompeu relações com o partido em 2014. Marília deixou o PSB e passou a opositora de seu antigo partido. Posteriormente ingressou no PT e foi reeleita em 2016.

Marília foi eleita deputada federal com 193 mil votos, a segunda mais votada do estado. Em Brasília, tem sido ativa em pautas relacionadas às mulheres e participa de comissões sobre desenvolvimento urbano. A candidata tem a seu favor a memória de três gestões petistas na prefeitura, Marília tem o apoio do PSOL.

Cláudia Ribeiro (PSTU)

A professora da rede pública municipal Cláudia Ribeiro (PSTU) entra em sua primeira disputa eleitoral visando um cargo Executivo. Ela é sindicalista vinculada ao Sindicato dos Profissionais de Educação do Recife (Simpere). Em 2016, sua companheira de profissão e de partido, Simone Fontana, obteve pouco mais de mil votos (0,12%).

Thiago Santos (UP)

Estreante em eleições, o partido Unidade Popular (UP), que obteve seu registro junto ao TSE no fim de 2019, lança à Prefeitura do Recife o advogado trabalhista Thiago Santos, que também fará sua primeira disputa nas urnas. Thiago é militante junto a movimentos populares no Recife.

Daniel Coelho (CD)

O administrador de empresas é filho do empresário João Coelho. Daniel foi eleito vereador pelo PV em 2004 e reeleito em 2008. Em 2010, foi eleito deputado estadual pelo PSDB, partido pelo qual foi candidato a prefeito do Recife pela primeira vez, em 2012, obtendo 245 mil votos (27,6%), que não foram suficientes para impedir a vitória de Geraldo Julio no 1º turno.

Em 2016, voltou a disputar a prefeitura, fazendo 162 mil votos (18,6%), e ficou novamente fora do 2º turno. Em 2014, se lançou para a Câmara Federal, eleito com 138 mil votos e reeleito, em 2018 (já pelo PPS, atual CD), com 97,7 mil votos. As votações de Daniel seguem em sentido decrescente.

Nos últimos anos, na Câmara Federal, Coelho apoiou projetos como a Reforma Trabalhista, em 2016, e a Reforma da Previdência, em 2019, e apoiou a eleição de Jair Bolsonaro (2018). Sua candidatura já tem apoio do PSL de Luciano Bivar, além do PSC e do PL, ambos liderados pela família Ferreira, representantes do fundamentalismo religioso.

Mendonça Filho (DEM)

Também administrador de empresas, Mendonça Filho foi eleito deputado estadual em 1986, com apenas 20 anos e, federal em 1995. Sempre foi filiado ao DEM.

Foi vice-governador na gestão Jarbas Vasconcelos (1999-2006), assumindo o cargo de governador nos últimos nove meses do mandato. Em 2006 tentou se reeleger, mas acabou derrotado por Eduardo Campos (PSB), que iniciava ali mais um ciclo do PSB no estado. Em 2008, tentou a vaga para prefeito do Recife, obtendo 206 mil votos (24,6%), insuficientes para impedir a vitória de João da Costa (PT) ainda no 1º turno. Mendonça tentou ainda a prefeitura em 2012, sendo novamente derrotado, desta vez ficando em 4º lugar com apenas 19,4 mil votos (2,2%). 

Foi eleito deputado federal em 2010 e reeleito em 2014 com 88,2 mil votos. Após o golpe que derrubou Dilma Rousseff (PT), assumiu o cargo de ministro da Educação do governo. À frente da pasta, foi responsável por seguidos cortes de verbas para as universidades públicas. Se candidatou a senador em 2018, ficando em 3º lugar com 19,6%. Sua pré-candidatura a prefeito é apoiada pelo PSDB e pelo PTB.

Patrícia Domingos (Pode)

Natural do Rio de Janeiro, Patrícia Domingos chegou a Pernambuco há pouco mais de 10 anos para atuar na Polícia Civil. Esteve à frente da Delegacia de Crimes contra a Administração Pública (Decasp), mas a delegacia foi extinta em 2018, quando suas funções passaram a ser subordinadas ao Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco). Apesar de se apresentar como “candidata contra a corrupção”, não tem se posicionado sobre as investigações de corrupção envolvendo a família Bolsonaro.

Marco Aurélio (PRTB)

Eleito vereador em 2012 (pelo PTC) e reeleito em 2016 (já pelo PRTB), Marco Aurélio é hoje deputado estadual, eleito em 2018, e lidera a bancada da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) que faz oposição ao governo Paulo Câmara (PSB). 

O pré-candidato espera receber o apoio do vice-presidente General Mourão.

Charbel (NOVO)

Nascido em Belo Horizonte (MG), o bacharel em direito Charbel Maroun é procurador do Recife. Foi candidato pela primeira vez em 2018, obtendo 22 mil votos, insuficientes para conquistar a desejada vaga na Câmara Federal. É filiado ao Partido NOVO, mesmo grupo do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Nas redes sociais, Charbel diz ser “o mais alinhado com o Governo Federal em todas as pautas”.

 

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga e Monyse Ravena