Rio de Janeiro

100 anos

Centenária, UFRJ faz aniversário em meio à pandemia e anúncio de corte em orçamento

Primeira universidade do país, a UFRJ deve ter diminuição de R$ 71 milhões do orçamento do governo federal em 2021

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Neste ano, a Universidade foi eleita pela décima segunda vez seguida a melhor universidade federal do Brasil
Neste ano, a Universidade foi eleita pela décima segunda vez seguida a melhor universidade federal do Brasil - Tomaz Silva/Agência Brasil

A primeira universidade do país, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), completou 100 anos na última segunda-feira (7). O aniversário deste ano, no entanto, é marcado por muita preocupação. Ele acontece em meio à pandemia do novo coronavírus e a adaptação do ensino remoto, além da notícia sobre os cortes no Ministério da Educação (MEC) que pode ter diminuição de 18,2% no orçamento de 2021 em relação ao ano atual.

Conforme já noticiado pelo Brasil de Fato, a redução representa que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve deixar de destinar aproximadamente R$ 4,2 bilhões a escolas públicas, universidades federais e institutos federais de todo o país. Na UFRJ, o corte deve somar R$ 71 milhões. 

Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Sicsú, o governo federal parte de um entendimento de que cortes públicos afetam apenas o setor público. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele afirma que esse diagnóstico errado é absorvido pelo empresariado, que não faz pressão para que investimentos públicos sejam mantidos, o que prejudica a economia do país.

Leia mais: Com corte de 1,4 bilhão, universidades públicas vão reduzir serviços e estrutura

"As universidades públicas são multiplicadoras de empregos. Quando o governo corta verba da universidade, ela deixa de contratar a empresa de vigilância, a empresa de higiene e manutenção, entre outros serviços. E a empresa, que perdeu esses contratos, tem queda de demanda e demite seus funcionários. Sem salários, esses desempregados deixam de consumir e isso provoca o que chamamos de efeito multiplicador negativo", explica.

Em nota, o Conselho Universitário da UFRJ confirmou que precisará "cortar atividades de limpeza, de segurança e provavelmente seremos obrigados a manter áreas inteiras fechadas". A UFRJ ressaltou que os cortes provocarão danos com a redução da assistência estudantil que se soma à alta taxa de desemprego no país.

História

A UFRJ nasceu, em 1920, da união da Faculdade de Medicina (1808), da Escola Politécnica (1792) e da Faculdade de Direito (1891), faculdades com bastante história à época. De lá para cá, ela foi o palco de muitas lutas, resistindo à ataques de governos autoritários e crise de investimentos em diversos governos.

Leia também: Novas peças históricas são encontradas após dois anos do incêndio do Museu Nacional

Para contar essa trajetória, a universidade lançou o documentário “Centenária: a Universidade do Brasil entre duas pandemias”. Nele, é apresentada a história da universidade que nasceu ainda sob o efeito devastador da gripe espanhola, contra a qual somou esforços, e virou centenária hoje na linha de frente de outra pandemia. 

Neste ano, a UFRJ foi eleita pela décima segunda vez seguida a melhor universidade federal do Brasil e a quinta melhor de toda a América Latina. Atualmente, conta com 176 cursos de graduação e 232 cursos de mestrado e doutorado. Também é responsável por 9 hospitais e institutos de atenção à saúde, 13 museus, 1.456 laboratórios, 1.863 projetos de extensão, 14 prédios tombados, 45 bibliotecas e 1 Parque Tecnológico de 350 mil metros quadrados.

Edição: Mariana Pitasse