Alimento é saúde

Alimentação adequada e hidratação ajudam a minimizar sintomas do tempo seco

Médico e nutricionista trazem dicas para cuidar da saúde em períodos de baixa umidade

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Frutas e legumes são mais estratégicos para a saúde porque têm maior quantidade de água, vitaminas e minerais - Marcelo Camargo /Agência Brasil
Em vez de tomar muita água em pouco tempo, tome pouca água o tempo todo

O período do inverno traz, em diferentes pontos do país, o desafio de se conviver com o clima seco, em que há pouca quantidade de água na atmosfera. Em alguns lugares, como é o caso de Brasília (DF), a baixa umidade atinge níveis tão alarmantes que pode chegar a um mínimo de 10%, considerado como um ponto de “alerta máximo” pelas autoridades. Com isso, a saúde pode sofrer um desgaste, e é preciso ter atenção.

Quem traz esse destaque é o médico de família e comunidade Vinicius Ximenes, também professor universitário. Ele lembra que o sistema respiratório muitas vezes é o mais afetado porque as vias aéreas dependem da umidade do ar para garantir a proteção à saúde. Assim, a secura acaba prejudicando as mucosas que protegem faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. E o problema sempre pode ser maior para quem tem propensão a alergias.

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“Pessoas que têm problemas alérgicos, com clima seco, com esse problema de [baixa] umidificação, ficam mais suscetíveis a terem reações alérgicas mais exacerbadas. Com isso, é comum terem problemas de rinites, sinusites, asmas e estarem mais suscetíveis a resfriados e infecções das vias áreas superiores”, enumera Ximenes.

Diante desse contexto, o médico traz um primeiro alerta: é preciso evitar exposição ao sol nos períodos considerados mais perigosos. “Principalmente das 10 horas da manhã às 16 horas. É evitar esses horários [porque] o nível de evaporação é muito alto e, neste momento, a chance de passar mal é muito alta”.

O especialista reforça ainda outro recado já bastante conhecido: não vale tomar pouca água. O líquido é fundamental para a hidratação da pele e dos outros órgãos do corpo humano.

O coro é endossado também pelo nutricionista Antônio Lancha Jr., integrante da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Ele lembra que água é importante para o sistema imunológico e para que o organismo consiga entregar o melhor de si na defesa da saúde.

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A hidratação está intimamente relacionada à quantidade de energia consumida por cada pessoa ao longo do dia. Para alguém que gasta 2 mil calorias, por exemplo, são recomendados 2L de água no mesmo período. Mas essa informação sozinha pode ser considerada pouco útil, segundo o nutricionista. Ele ressalta que é preciso saber distribuir o consumo do líquido durante a rotina. Um copo de 200 mL por hora pode ser uma boa saída.     

“Se você consumir um grande volume numa única tomada, nós não temos caixa d´água, então, não tem onde estocar essa água, e aí você vai fazer xixi muito rapidamente. Então, em vez de tomar muita água em pouco tempo, tome pouca água o tempo todo. Essa é uma dica útil pra todo mundo”, reforça. 

Por fim, não dá pra esquecer também o peso de uma boa alimentação, fundamental para equilibrar a saúde. Alguns alimentos podem ser estratégicos por terem maior quantidade de água, vitaminas e minerais". 

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"Quais são esses alimentos? São as frutas e legumes, ricos em água. Então, se você consome uma fruta in natura, você tem ali uma boa quantidade de fibras também. Por exemplo, a maçã tem uma fibra um pouco diferente, a pectina, que ajuda ainda a ter uma certa saciedade, ou seja, você não vai sentir fome tão rapidamente”, exemplifica o nutricionista da SBAN.

Vale ainda ficar atento a possíveis mitos que circulam por aí. De acordo com Antônio Lancha Jr., um deles é o de que se deve tomar cuidado com o consumo de carboidrato neste período de baixa umidade. Ele esclarece que nossa necessidade de energia pode ser ampliada quando se está num ambiente seco e especialmente associado a temperaturas mais elevadas. O nutricionista explica que a ingestão de carboidrato auxilia também na hidratação porque esses compostos ficam estocados nos músculos e no fígado.  

“E existe uma relação de que, para cada 1 grama de carboidrato, eu mantenho 2,7 gramas de água. Isso significa que um organismo bem hidratado também dispõe de uma quantidade importante de carboidrato no músculo e no fígado. Com isso, a gente vai ter um pequeno ‘reservatório’ de água determinado pela presença do carboidrato”.   

Por fim, Antônio Lancha explica que carboidrato, sódio e proteína têm nutrientes que ajudam a manter a hidratação do corpo, com os carboidratos sendo capazes de garantir uma maior quantidade de água.

Edição: Daniel Lamir