INTOLERÂNCIA

Terreiro de umbanda é incendiado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

O terreiro estava com atividades suspensas; pai de santo Emilson de Souza Furtado registrou ocorrência nesta quarta

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Terreiro Nova Iguaçu
Terreiro estava com atividades suspensas em função da pandemia da covid-19. Incêndio foi percebido por uma vizinha, que ajudou a chamar os bombeiros - Reprodução

Um terreiro de umbanda foi incendiado na manhã do último domingo (6), no bairro de Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O local estava fechado em função da pandemia, mas uma vizinha percebeu e avisou ao pai de santo Emilson de Souza Furtado. Quando os bombeiros chegaram, o local já estava destruído.

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Há 18 anos na casa, conhecida como Tenda Espírita Pai Joaquim d'Angola, Emilson contou que já sofreu outros casos de intolerância religiosa, como tentativas de invasão ao local. Ele lamenta a destruição completa dessa vez. "Queimou tudo, só ficou o quartinho do Orixá e o quartinho de Exu, agora o resto queimou tudo".

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Ele avalia que, com o avanço do tráfico e das milícias, a Baixada vem liderando casos de intolerância religiosa, mesmo depois de várias denúncias terem sido feitas à Prefeitura de Nova Iguaçu e até mesmo ao Ministério Público Federal (MPF), que vem agindo para pressionar o poder local e tem promovido ações e encontros, apesar da persistência das ações criminosas.

Nesta quarta-feira (9), o pai de santo esteve na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para registrar um boletim de ocorrência. O caso chegou à Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) do estado do Rio de Janeiro, por meio da Agen Afro, mídia militante que reporta casos de intolerância religiosa.

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"Em momentos de extrema angústia e incertezas, tal como estamos vivendo e passando diante da pandemia da covid-19, a fé e a espiritualidade são mais uma vez ultrajadas. Não podemos nos calar, é muita falta de respeito. As autoridades competentes precisam agir, combater e dar respostas rápidas. Até quando isso?", indaga o interlocutor da CCIR, Babalawô Ivanir dos Santos. 

A CCIR vem inclusive realizando lives, como parte das atividades da 13ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que nessa edição ganhou formato online (seguindo as medidas de segurança e recomendações de isolamento).

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda