Rio de Janeiro

CORRUPÇÃO

Pastor Everaldo agiu como "proprietário" do governo do RJ, afirma Ministério Público

Ex-secretário estadual de saúde disse em delação que Witzel é "novo rosto" de esquema que se repete desde Cabral e Pezão

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Pastor Everaldo
Influente desde governos passados, Pastor Everaldo é "veterano da corrupção", segundo denúncia do MPF - Yasuyoshi Chiba/AFP

Na denúncia que o Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça, o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, aparece como "um dos braços da organização criminosa" do governo de Wilson Witzel (PSC), governador afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo o MPF, Everaldo "comanda, como se proprietário fosse, alguns setores da Administração Pública do Estado do Rio de Janeiro".

Everaldo foi preso no último dia 28, mesmo dia em que Witzel foi afastado do cargo. Segundo o MPF, o presidente do partido de Witzel exerce poder sobre as contratações e orçamentos da Cedae (Companhia estadual de águas e esgoto), do Detran (Departamento estadual de trânsito) e da Secretaria estadual de Saúde, pasta onde surgiram as primeiras denúncias e que desencadearam um processo de impeachment.

A denúncia apresentada ao MPF tem como base a delação do ex-secretário estadual de saúde Edmar Santos, que se ofereceu para colaborar após a deflagração da "Operação Placebo", em maio deste ano. Segundo Edmar, havia três grupos de influência no governo Witzel encabeçados pelos empresários José Carlos de Melo e Mário Peixoto, preso em junho, e o Pastor Everaldo.

Leia mais: Políticos analisam indícios contra Bolsonaro, Witzel e Everaldo: "uso político da fé"

Apesar do poder do Pastor Everaldo sobre secretarias e empresas estatais, o delator afirmou que o grupo de Mário Peixoto, que exerce influência em governos estaduais desde a gestão de Sérgio Cabral (MDB), preso em Bangu, é a mais importante. A Peixoto é atribuída a vitória de Witzel nas eleições de 2018, sustentou o ex-secretário de saúde. O próprio governador teria reconhecido a importância do empresário em sua campanha.

Impeachment

Nesta quinta-feira (17), a comissão especial do impeachment na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vai votar o parecer elaborado pelo relator do caso, deputado Rodrigo Bacellar (SDD). Os deputados votarão sim ou não ao parecer. A votação do relatório precisa de maioria simples para sua definição, com um quórum mínimo de 13 dos 25 membros. Em seguida, o parecer segue para a análise e votação de todos os membros da Casa, em plenário, onde precisa receber dois terços dos votos de todos os deputados, ou 47 votos, para ser aprovado.

Leia também: Parlamentares fluminenses associam Bolsonaro a Witzel e Pastor Everaldo

Se aprovado, o relatório vai sacramentar via Legislativo a decisão judicial de afastamento de Wilson Witzel do cargo. A denúncia que foi aceita no início de junho na Alerj tinha como base as operações deflagradas a partir de denúncias de corrupção na compra de equipamentos pela Secretaria Estadual de Saúde para enfrentamento da pandemia da covid-19. Posteriormente, novas denúncias surgiram, como as que têm como base a delação do ex-secretário Edmar Santos.

Edição: Eduardo Miranda