Transporte

Privatização do metrô no DF gera alerta de aumento de tarifas e perda de empregos

Empresa escolhida pode lucrar R$ 3 bilhões, trabalhadores e movimentos populares se opõem às concessões

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Para analistas, a privatização pode causar o aumento das tarifas de acesso ao transporte - Agência Brasília

Mesmo com a pandemia da covid-19 e a crise econômica, o governo do Distrito Federal (GDF) tenta agilizar a concessão do serviço metroviário público para empresas privadas. A promessa de privatização, que se arrasta desde a campanha de 2018 do governador, Ibaneis Rocha (MDB), agora avança para a fase de audiências públicas.

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Mas a entrega da estatal já preocupa a população brasiliense que é contra esse processo, principalmente os trabalhadores do metrô, que correm o risco de perder o emprego. Como alerta a secretária de Relações Intersindicais do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do DF (SindMetrô), Meiry Rodrigues. 

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“Os governos preferem não ter o trabalho de gerir esse direito de toda a população que é o transporte público, de ir e voltar. Sabemos que a melhor opção seria gerir e investir. São quase 1.300 empregados [no metrô], que não são só empregados, são famílias que dependem diretamente dessa fonte de renda, porque não se tem um plano para esses empregados”, afirma.

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Caso o processo de privatização seja efetivado, a empresa escolhida terá a concessão por 30 anos com um contrato de arrecadação que ultrapassa R$ 3 bilhões. Para o engenheiro e ex-secretário de Transportes de São Paulo, Lúcio Gregori, "sempre há interesses por trás deste processo de privatização".

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O capital privado está colocando dinheiro e não vai ter nada de volta?

“Possivelmente terá pressão das empresas privadas para aumentar as tarifas e isso acaba sendo um problema para a população. No fundo o que tem que ser discutido no Brasil, e no Distrito Federal em particular, é o que está sendo provado. O Estado não tem dinheiro, por isso é urgente a mudança na política tributária desse país ou então vai continuar essa brincadeira interminavelmente", explica.

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Atualmente, apenas a manutenção do metrô do DF é privatizada, e só no ano de 2019, a Companhia Metropolitana do Distrito Federal registrou 63 falhas, que provocaram a paralisação do serviço, e, em 2018, uma explosão ocorreu em um trem na estação Arniqueiras. O militante do movimento Passe Livre do DF, Gustavo Serafim, acredita que ao contrário da privatização, a melhor forma de "gestão é a popular".

“Os empresários e os governantes não andam de ônibus e nem de metrô. Então, eles não podem decidir sobre as nossas vidas. Quem tem que decidir somos nós mesmos, quem trabalha no metrô e quem usa o metrô. Entendemos que para melhorar a qualidade e reduzir a tarifa quem tem que decidir não são eles, somos nós que vivemos o transporte todo dia. Precisamos de uma gestão popular do transporte".

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Hoje, 19 mil pessoas utilizam o metrô por hora-pico e pagam mais de R$ 5 reais pela passagem. De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), o assunto está em fase de consulta pública e todas as propostas apresentadas serão levadas em consideração.

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Edição: Marina Duarte de Souza