Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2020

Segundo confronto expõe racha entre candidatos da direita em Porto Alegre

Encontro organizado pela rádio Gaúcha aconteceu de forma peculiar devido à pandemia, com participantes em seus carros

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Começo da corrida ao Paço Municipal é marcado por fissuras no grupo dos candidatos à direita - Joana Berwanger/Sul21

O segundo debate dos 13 candidatos à prefeitura de Porto Alegre, realizado hoje (28), deixou claras as fissuras no grupo dos candidatos à direita. O conflito mais agudo aconteceu entre o atual prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB), hoje sob risco de impeachment, e o ex-prefeito José Fortunati (PTB). Organizado pela rádio Gaúcha no estacionamento do grupo RBS, foi o primeiro encontro presencial e aconteceu de forma peculiar devido à pandemia, com os participantes dentro de seus carros, como se estivessem em um cinema drive in.

No começo, os candidatos responderam às questões sorteadas feitas por moradores. Nesta etapa, Manuela D´Ávila (PCdoB-PT) foi indagada e anunciou suas quatro prioridades. Uma delas, caso eleita, “é negociar para que Porto Alegre possa ter a vacina”. Ainda citou como prioridades dialogar com professores, pais, funcionários e alunos para recuperar o ano letivo; transformar a capital gaúcha “numa cidade sem fome”, aplicando o programa Fome Zero Municipal; e um programa de geração de trabalho e renda calcado em microcrédito e nas compras da prefeitura.

“Qual prefeito perde R$ 400 milhões?”

A animação aumentou no momento em que os concorrentes puderam perguntar uns aos outros, com réplica e tréplica. A primeira pergunta foi dirigida pelo candidato do PSD, Valter Nagelstein, à Manuela D`Ávila (PCdoB-PT), acusando-a de questionar apenas os últimos 16 anos, cobrando-lhe curiosamente uma crítica sobre “os 16 anos do PT”, que terminaram em 2004. Manuela respondeu ter orgulho daquele período e lembrou que Nagelstein foi secretário dos governos mais recentes e, portanto, corresponsável pelo quadro atual.

José Fortunatti, do PTB, abriu a bateria contra Marchezan Jr. (PSDB) com uma pergunta à Fernanda Melchionna, do PSOL. Lembrou que, quando prefeito, negociou e obteve um empréstimo de US$ 80 milhões - hoje R$ 445 milhões - do Banco Mundial, sem contrapartida, que seria destinado à educação, valor que o atual prefeito teria perdido. “O Marchezan perdeu esse dinheiro. Qual é o prefeito que perde R$ 400 milhões, ainda mais quando estamos precisando de recursos?”, concordou Fernanda.

“Ele afundou Porto Alegre”

Luis Delvair, do PCO, também apontou para Marchezan Jr. Indagou-lhe a razão de retirar quase R$ 4 milhões de verbas destinadas à saúde para gastar em propaganda. Marchezan se defendeu afirmando ter aumentado o atendimento à saúde, apesar da pandemia, e ter investido em publicidade diante da necessidade de informar à população. E aproveitou a deixa para alvejar Fortunati. “Durante três anos, ele pagou várias gratificações de R$ 8 mil para pessoas do PDT (então partido de Fortunati)”, atacou. “E nós perdermos o recurso (citado na pergunta) porque ele afundou Porto Alegre e teve as contas reprovadas em 2016”, acrescentou.

Na ordem das perguntas, Fernanda questionou Fortunati. Perguntou-lhe se entregou “a prefeitura quebrada” a Marchezan Jr, como acusa o tucano. “É o que acontece com o atual prefeito: fake news a todo momento”, respondeu. Afirmou que Marchezan acabou com o sistema de transparência que o governo anterior implantara e desfiou os números do caixa da prefeitura em 2017 e 2018 que desmentiriam a acusação.

“Orçamento fictício”

A candidata do PSOL descreveu Marchezan Jr. como “um roteirista de ficção” que teria criado um “orçamento fictício” para justificar sua política contra os municipários. Marchezan retrucou relatando denúncias de corrupção em secretarias e departamentos durante a administração de Fortunati.

Ex-vice-prefeito, Sebastião Melo, do MDB, fustigou também o gestor tucano. Em diálogo com Júlio Flores, do PSTU, mencionou os alagamentos constantes. Disse que o prefeito perdeu R$ 121 milhões que a gestão anterior havia obtido a fundo perdido. Atual vice de Marchezan, Gustavo Paim, do PP, investiu contra seu parceiro, descrevendo a Capital como uma cidade imersa em grave crise social, sanitária, política e econômica.

No capítulo das promessas, Nagelstein ainda prometeu dar uniforme e um tablet às crianças das escolas municipais. O debate foi centrado em temas da cidade. A questão nacional praticamente não aflorou.

Participaram do debate Manuela D`Ávila (PCdoB-PT), Nelson Marchezan Jr. (PSDB-PL-PSL), Fernanda Melchionna (PSOL-PCB-UP), Gustavo Paim (PP-Avante), José Fortunati (PTB-Patriota-Podemos), Juliana Brizola (PDT-PSB-Rede), Sebastião Melo (MDB-Cidadania-Democracia Cristã-DEM-PRTB-PTC-SD), Montserrat Martins (PV), Luis Delvair (PCO), Júlio Flores (PSTU), João Derly (Republicanos), Rodrigo Maroni (PROS) e Valter Nagelstein (PSD).

Edição: Katia Marko