Os movimentos populares, de um modo geral, atuam representando e lutando por melhores condições de vida da população ou por bandeiras específicas de setores organizados da sociedade. Durante os mais recentes processos eleitorais os movimentos populares tiveram uma participação expressiva nas campanhas políticas. Embora estes atores tenham uma importante participação na política brasileira, isso não se reflete na sua representação no âmbito do poder legislativo ou executivo.
Para a professora Monalisa Soares, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, os movimentos populares se envolvem nas eleições de forma heterogênea, alguns se mantêm afastados da política eleitoral, mas há aqueles que se conectam mais diretamente, “eles se envolvem numa articulação direta com os partidos apoiando as candidaturas, sendo convidados para construir as plataformas, os projetos de governo, essa é uma tradição do campo da esquerda. Os partidos de esquerda têm, historicamente, conexões muito expressivas com movimentos sociais, como o Movimento Sem Terra, os movimentos feministas e de mulheres, antiracistas, LGBTQI+”.
Segundo o dirigente do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Ceará José Josivaldo Alves, o processo eleitoral se configura quanto uma importante luta política e que a população é envolvida, mesmo que de forma insuficiente. “ É preciso fazer um trabalho de forma coletiva, no conjunto da esquerda e do campo popular, e que a gente possa defender as candidaturas progressistas, democráticas e de esquerda, sem perder de vista a luta política maior, pela transformação das estruturas injustas da nossa sociedade”, afirmou Josivaldo Alves.
Para Amanda Primo, estudante de psicologia e militante do Levante Popular da Juventude em Fortaleza, as eleições municipais de 2020 serão fundamentais para os movimentos populares. Segundo Amanda, o processo eleitoral poderá ajudar a combater o Bolsonarismo e também dialogar sobre a retirada de direitos, “é preciso fortalecer e construir candidaturas verdadeiramente comprometidas com as lutas sociais, com os direitos, emprego e que defendam a democracia e a vida do povo, para que consigamos nos fortalecer e avançar na defesa de um projeto de sociedade que esteja ao lado do povo”.
Ainda de acordo com Monalisa Soares, há uma série de movimentos populares e de reivindicações que não têm uma ligação orgânica com os partidos, mas que fazem mobilizações para que sua pauta seja apreciada pelo poder público, “ é importante que os grupos sociais organizados se sintam com possibilidades de interferir na cena pública ou de terem suas pautas consideradas, isso é muito importante do ponto de vista da vivacidade democrática”.
