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Dilma afirma que pressão dos EUA à Opas é parte de grande ofensiva contra Cuba

Ex-presidenta afirma que EUA tentam inviabilizar a presença de Cuba em ações cooperativas, como o Mais Médicos no Brasil

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Dilma Rousseff cumprimenta médicos cubanos durante cerimônia que sancionou o programa Mais Médicos no Brasil (2013) - Roberto Stuckert Filho/AFP

A ex-presidenta Dilma Rousseff denunciou, em entrevista no programa Bom Dia 247, que os recentes ataques dos Estados Unidos contra a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) "é parte de uma grande ofensiva contra Cuba os órgãos multilaterais de cooperação".

"Nós vimos isso acontecer com a OMS [Organização Mundial da Saúde], em plena pandemia, quando Donald Trump retirou o apoio à organização, tentando pressioná-la para uma avaliação absurda a respeito da pandemia", disse.

Segundo Dilma, a pressão dos estadunidenses à Opas tem um caráter parecido, mas com o interesse de "inviabilizar a presença da Opas em ações cooperativas com o governo cubano, como é o caso do Mais Médicos no Brasil". "A Opas está pressionada da mesma forma que pressionaram a OMS, onde retiraram a contribuição durante a pandemia", continuou. Ela denuncia, neste sentido, que os EUA estão querendo abrir um comitê para avaliar o programa e atacar Cuba.

Ela reforça que o Mais Médicos foi aprovado pelo Congresso, Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal de Contas da União (TCU); e internacionalmente, os órgãos de controle internos da Opas deram parecer positivo.

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A ex-presidenta destaca ainda que os EUA querem "atacar o governo cubano" e "tentar descaracterizar uma das maiores ações de solidariedade que um país já fez em todas as esferas". Para ela, isso não se resume à pandemia de Covid-19, 'onde ficou clara contribuição que Cuba deu, generosamente, a países da Europa, como Itália e Espanha', relembrando que durante a crise do ebola, os médicos cubanos foram enviados ao continente africano para ajudar populações desassistidas.

"Cuba mostra uma ação de solidariedade clara", afirma Dilma. O país "foi responsável por ajudar uma população brasileira do SUS [Sistema Único de Saúde] que estava desatendida e foi crucial na formação da quantidade de médicos que havia aqui no país", continuou.

Para Dilma, "o programa mais médicos criou uma oferta de atendimento para a população muito significativa". Ela destaca que havia falta de médicos em diversas regiões do Brasil, como no interior mais pobre, nas periferias das grandes cidades e nos territórios indígenas - onde só veio a ter atendimento com a chegada dos médicos cubanos, já que muitos médicos brasileiros não queriam ir aos lugares mais pobres e cobravam muito caro por um atendimento que não era permanente.

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"O programa Mais Médicos foi um sucesso por conta dos médicos cubanos. Havia um contato humano e um atendimento permanente', reforçou Dilma. Por isso, ela destaca que 'temos de estar alertas na parceria dos EUA com o governo brasileiro, que querem destruir a possibilidade de Cuba cooperar com outros países". "Querem desmantelar a possibilidade de qualquer futura ação de Cuba na América Latina como um todo", denuncia.

"Os EUA querem que o bloqueio se estenda para impedir que Cuba coopere e isso é algo extremamente perverso e tem um eco eleitoral em relação ao Partido Republicano e a uma política de endurecimento que os republicanos acham que é mais adequada', afirmou. 'Tem eco eleitoral lá e tem eco eleitoral aqui", continuou.