Feminismo

Jornal Brasil Atual Edição da Tarde | 2 de outubro de 2020

Organizações lançam campanha de apoio a mulheres que têm direito ao aborto legal e enfrentam barreiras para acessá-lo

Ouça o áudio:

Militantes da Marcha Mundial das Mulheres em ato do 8 de março na Avenida Paulista, São Paulo (SP), em 2005 - MARIO MIRANDA / AFP

Em 2005, Tatielle Gomes descobriu que sua gestação precisaria ser interrompida por conta de uma má formação do feto. O caso de Tatielle se encaixa no tipo de aborto que está previsto em lei no Brasil, quando o feto tem alguma anomalia. 

Ela ia realizar o aborto legal, mas quando o procedimento cirúrgico estava começando, foi interrompido porque um padre entrou com um "habeas corpus" em defesa do feto, que foi aceito pela Justiça. 

O hospital suspendeu o atendimento e Tatielle precisou ficar mais 11 dias com o procedimento não terminado, até dar à luz a um feto que morreu em seguida. 

Tatielle entrou com ação judicial contra a conduta do padre. Foram 15 anos até que em agosto deste ano o padre foi condenado a pagar 398 mil reais por danos morais à Tatielle.

Gabriela Rondon, pesquisadora e advogada da Anis Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, comenta que esse episódio foi muito dramático e causou profundo sofrimento à Tatielle: "Foi um episódio muito dramático na vida dela, causado por esse padre que interferiu num processo autorizado pela Justiça, e que trazia tantos riscos a ela; causou e causa profundo sofrimento nela até hoje". 

O Fundo Vivas - pelo direito ao aborto legal e seguro, idealizado pelo Instituto AzMina e pelo Instituto de Bioética, é uma campanha solidária para arrecadar dinheiro e ajudar pessoas como Tatielle, ou o da menina capixaba de 10 anos, vítima de estupro, que teve que ser escondida para realizar o aborto legal. 

Rondon, menciona que enquanto a quantia destinada à Tatielle não for paga, uma parte do dinheiro arrecadado na campanha será dado a ela. E reposto ao Fundo Vivas assim que Tatielle receber o valor determinado pela Justiça. 

A diretora de redação da revista AzMina, Helena Bertho, fala sobre a necessidade do projeto na conjuntura atual: "A gente tá vivendo um momento de muito ataque aos direitos das mulheres, de muito fundamentalismo, extremismo, então é essencial que exista uma forma de acolher e amparar essas mulheres, dar pra elas apoio pra conseguir acesso a seus direitos, e também amparo para que possam lidar com as violências sofridas. 

Confira a reportagem completa e todos as informações desta sexta-feira do jornal no áudio acima.  

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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.

Edição: Mauro Ramos