América Latina

Justiça do Equador pede que Interpol emita ordem de prisão contra Rafael Correa

Ex-presidente do país classificou como 'ridícula' a decisão judicial e denunciou perseguição política

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Rafael Correa foi presidente do Equador de 2007 a 2017
Rafael Correa foi presidente do Equador de 2007 a 2017 - Miguel Ángel Romero/ Presidencia de la República

A Justiça do Equador solicitou na tarde da última terça-feira (06) que a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) emita uma notificação vermelha, que implica uma ordem de prisão, contra o ex-presidente Rafael Correa e outras 15 pessoas. 

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O juiz Ivan León, autor do pedido, alega que já se passaram 13 dias desde que as autoridades equatorianas ordenaram a execução da prisão de Correa por envolvimento em um suposto caso de corrupção que teria acontecido durante o mandato do ex-presidente. 

"Não foi possível localizar e capturar os condenados, além do fato de que é de conhecimento público que alguns deles não estão no país, determina-se que se proceda com a notificação vermelha da Interpol para todos os sentenciados", afirmou a Justiça. 

Pelo Twitter, o ex-presidente classificou como "ridículo" o novo episódio da justiça equatoriana e afirmou que León é "completamente corrupto".

"Novo [episódio] ridículo para o Equador, mas, é claro, [agora] terei que gastar novamente com advogados, sofrerei limitações de viagens etc. É assim que eles buscam nos destruir. Iván León, juiz temporário, é completamente corrupto", disse.

Correa e outras 15 pessoas foram condenadas a pena de oito anos de prisão por supostamente terem recebido propina de várias empresas durante seus mandatos (2006-2017), entre elas a construtora brasileira Odebrecht. Além da sentença que impossibilitou Correa de exercer funções públicas pelos próximos 25 anos, o equatoriano não pôde apresentar sua candidatura à vice-presidência nas eleições que acontecerão no Equador em fevereiro de 2021.

Segundo a defesa de Correa, a Justiça do país age de forma arbitrária para perseguir as forças progressistas. Diversos organismos internacionais já denunciaram o uso do lawfare contra o ex-presidente, ou seja, quando a justiça é utilizada para perseguir adversários políticos. 

O Equador viveu uma mudança de hegemonia política com a vitória do atual presidente Lenín Moreno nas eleições de 2017. Moreno, que é ex-vice de Correa, foi eleito com uma proposta de continuidade dos mandatos progressistas correístas, mas abandonou o programa após a vitória e adotou uma política neoliberal de austeridade e repressão contra movimentos populares. O ex-mandatário vive na Bélgica desde 2017.