Denúncia

Petrobras tem taxa de contaminação por covid maior que média nacional, diz Fiocruz

Segundo relatório, o diagnóstico da covid em petroleiros é relacionado ao trabalho, ao contrário do que afirma a estatal

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
A frequência dos casos de covid-19 entre os petroleiros é comparativamente maior do que a frequência na população brasileira
A frequência dos casos de covid-19 entre os petroleiros é comparativamente maior do que a frequência na população brasileira - Foto: Divulgação Petrobras

Um estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no início deste mês, a partir da análise das contaminações de trabalhadores por covid-19 em plataformas de petróleo no Brasil aponta a relação entre a doença e o trabalho no setor de óleo e gás.

Um fator que chama a atenção no estudo é a gravidade dos números de trabalhadores contaminados no Sistema Petrobras e as divergências entre os dados divulgados pela empresa e pelo Ministério de Minas e Energia. Comparando o número de infectados com o total de trabalhadores da estatal, os pesquisadores revelam que a frequência dos casos de covid-19 entre os petroleiros é comparativamente maior do que a frequência na população brasileira.

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Com base nos dados do “Boletim de Monitoramento da covid-19 do MME”, de 14 de setembro, o parecer destaca que o total de casos de covid-19 na Petrobras equivale a uma incidência de 4.448,9 casos por 100 mil, o que corresponde a uma incidência maior do que o dobro da registrada em todo o Brasil, que somou 2.067,9, no mesmo período. 

Em nota, a Petrobras justifica que a alta taxa de contaminação reflete o grande número de testes, que também tem identificado pessoas assintomáticas entre os casos confirmados.

Ainda segundo o parecer científico, assinado por médicos, epidemiologistas e pesquisadores da Fiocruz, o diagnóstico da covid-19 em petroleiros é “presumidamente relacionado ao trabalho”, ao contrário do que afirma a Petrobras. 

Acidente de trabalho

O estudo aborda ainda a negativa da estatal em admitir a relação da doença com o trabalho, se recusando a emitir Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para os petroleiros infectados, inclusive os que morreram em consequência da doença, tem motivações econômicas.

Isso porque, explicam os pesquisadores, os indicadores de ocorrências e de acidentes de trabalho constam nas estatísticas enviadas à Associação Internacional dos Produtores de Óleo e Gás (IOGP) e impactam na avaliação e classificação da Petrobras e, consequentemente, na concorrência internacional. 

“O reconhecimento da covid-19 como doença do trabalho e a emissão da CAT implica elevar a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR), um dos indicadores de desempenho das empresas do setor vinculado a dinâmica da concorrência internacional”, ressalta o parecer.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o parecer da Fiocruz foi o principal tema da reunião com com o grupo de Estrutura Organizacional de Resposta da Petrobras, pois reforça as diversas denúncias feitas pelos petroleiros.

“Denunciamos a negligência dos gestores da empresa na proteção dos trabalhadores, próprios e terceirizados durante toda a pandemia”, disse a organização em nota.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse