Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

ARTIGO

Dia do Médico: o que comemorar?

Médico de Família, Henrique Medeiros pondera sobre o Dia do Médico/a, 'corporação guiada por interesses particularistas'

17.out.2020 às 13h37
João Pessoa - PB
Henrique Medeiros

Paciente recuperada de Covid-19 no “corredor da vitória” - Foto: Michell Mello / Secom AM

Por Henrique Medeiros*

Em 18 de outubro comemora-se o dia do médico. Ao longo dos dias que cercam tal data, é bastante comum a celebração de eventos e confraternizações, bem como a publicação de textos e vídeos que emulam a profissão, resgatando seus símbolos e consagrando sua herança hipocrática. 

Essa ritualística cumpre, fundamentalmente, o papel de reforçar uma identidade corporativa, velando as diferenças oriundas da diversidade de inserção no mercado de trabalho. O crescente assalariamento médico, o cada vez mais residual exercício liberal da medicina e o peso progressivamente maior do empresariado médico (inclusive com capital estrangeiro) são potenciais geradores de heterogeneidade de interesses políticos e econômicos. 

Ao se incensar as convergências da formação profissional, todavia, contorna-se tal pluralidade, funda-se um falso consenso e reforça-se uma coesão, no plano ideológico, de uma corporação guiada, no entanto, por interesses particularistas nem sempre dissimulados. Em 2020, a pandemia da Covid-19 lançou luz sobre esse fenômeno de maneira nunca antes tão evidente. 

A semana do médico foi marcada por merecidas homenagens a colegas falecidos durante a pandemia e seus familiares.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, até o dia 16/10, eram 38.394.169 casos confirmados e 1.087.047 mortes em todo o mundo; nas Américas, estavam 18.185.839 casos (47,36%) e 596.312 óbitos (54,85%). O Brasil, por sua vez, respondia por 5.140.863 casos (ou seja, 13,38% dos casos no mundo e 28,26% deles no continente) e 151.747 mortes (13,9% dos óbitos no mundo e 25,44% deles nas Américas). 

São números aterradores, para os quais a atitude negacionista da presidência da república e a sua sabotagem às iniciativas de estados e municípios contribuiu de modo decisivo. A acefalia do Ministério da Saúde, seu loteamento a militares completamente alheios ao Sistema Único de Saúde, a ausência de coordenação nacional das ações, a não execução do orçamento de guerra, o estímulo (inclusive financeiro) a adoção de terapêuticas sem evidências científicas, o deboche e desrespeito às vítimas e seus familiares, entre outros fatos gravíssimos que não cabem no espaço destas poucas linhas, são motivos para a indignação e a reação organizada por parte da sociedade e, em especial, dos profissionais de saúde. 

Entretanto, o que se verificou por parte das entidades médicas? A mais completa omissão e conivência. O silêncio obsequioso revela a cumplicidade com um projeto político que banaliza a morte e degrada a vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais pobres e vulneráveis. Em troca de migalhas de espaço no poder, supostamente expressão da “valorização” da categoria médica na interlocução com o governo, não se viu uma única manifestação pública contundente contra os descalabros perpetrados nestes oito meses de pandemia no país. 

Nem mesmo a mais elementar defesa da prática médica baseada em evidências foi feita, quando todos os grandes estudos publicados nas mais renomadas revistas científicas do planeta mostravam a inutilidade da cloroquina e afins, enquanto o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército gastava R$ 1,5 milhão para aumentar em 100 vezes a produção do medicamento. 
Ao passo que outras categorias, como a enfermagem, contaram com a participação ativa de suas entidades na denúncia contra a ausência, por parte do poder público, de proteção aos trabalhadores da saúde na linha de frente de combate à Covid-19, os conselhos de medicina e associações médicas, quando muito, emitiram tímidas e dúbias notas públicas. 

Ao tempo em que enfermeiros e enfermeiras organizavam atos de protesto (e eram agredidos por militantes bolsonaristas) pelas mortes de seus colegas que, ainda em junho, faziam do Brasil o país em que eles mais morriam no mundo (respondendo por 30% dos óbitos no mundo), as entidades médicas calavam ante o compromisso que carregam em sustentar esse governo.

Essa indisfarçada aliança com o bolsonarismo é o ponto de chegada do processo político dos últimos anos. Remete à oposição às iniciativas governamentais que buscavam democratizar o acesso à assistência médica, em especial o Programa Mais Médicos para o Brasil, interpretadas como ameaças ao poder da corporação de regular o mercado de trabalho, ainda que às custas da vida de milhões de brasileiros dos grotões do país  e periferias das grandes cidades. Passa pela posição ativa para a derrubada da Presidenta Dilma Rousseff em 2016, inclusive financiando atos públicos e peças publicitárias. E marca presença na propaganda ativa às candidaturas bolsonaristas nas eleições de 2018. 

O comprometimento com as forças políticas reacionárias de hoje faz parte de mais uma triste página da história das entidades médicas, que se soma ao apoio e engajamento no golpe de 1964 e ao regime militar que se seguiu, como bem expressam os posicionamentos da Associação Médica Brasileira (AMB) em diversos editoriais de suas publicações na década de 1960. 

O silêncio obsequioso revela a cumplicidade com um projeto político que banaliza a morte e degrada a vida de milhões de brasileiros

A posição de linha auxiliar do governo se reflete na completa ausência, por exemplo, de um monitoramento dos impactos da pandemia na saúde do trabalhador médico. No início de setembro, a imprensa anunciava (citando o Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo como fonte) o acúmulo de 244 óbitos entre médicos no Brasil. Por sua vez, o boletim epidemiológico nº 33 do Ministério da Saúde apontava 33.032 casos confirmados e 62 mortes de profissionais médicos até o final daquele mês. 

A discrepância é evidente e remete à ausência de transparência que tem marcado a condução da pandemia pelo governo federal, o que deveria motivar as entidades médicas a uma postura mais vigilante, no mínimo.

Apesar da omissão das entidades médicas, a semana do médico foi marcada por merecidas homenagens a colegas falecidos durante a pandemia e seus familiares. Mas as condolências que tais entidades manifestam vêm marcadas pelo signo da conivência e não poderiam ser expressão mais acabada do significado da palavra hipocrisia. 

Entretanto, as entidades médicas não expressam necessariamente a diversidade de posições dos profissionais. Há aqueles que, rompendo com as pretensões de construção de um falso consenso a serviço de interesses alheios, mantêm-se lúcidos e críticos à postura vexaminosa de tais entidades.  E se o luto e o pesar já tornavam proibitivo falar em comemoração neste dia 18, a vergonha que essas entidades proporcionam a todos os médicos e médicas que se indignam com o desprezo pela saúde e pela vida dos brasileiros por parte do atual governo impede qualquer outro sentimento que não seja tristeza. 

*Henrique Medeiros é Médicos de Família e Comunidade Doutorando em Saúde Pública 

 

Editado por: Cida Alves
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

ARTE E MEMÓRIA

Espetáculo resgata a história de Jurema Finamour, silenciada durante a ditadura militar

OPINIÃO

A quem interessa a desconstrução da luta nacional dos servidores do Ministério Público pelos seus direitos?

EDUCAÇÃO POPULAR

Ong de Curitiba (PR) abre inscrições para escola gratuita de formação de lideranças em economia solidária

PARTICIPAÇÃO POPULAR

Lançamento da Conferência Estadual das Cidades debate reconstrução, habitação e direito urbano

Reformas de Petro

Petro desafia Senado, assina decreto para consulta popular e pede que colombianos apoiem ‘projeto de mudança’

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.