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Bolsonaro elevou ao poder a escória da política

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Flagrado com R$ 30 mil na cueca, Chico Rodrigues [ à direita] era vice-líder do governo e já se referiu ao presidente como "amigo Jair Bolsonaro" - Marcos Côrrea/Presidência da República
Pouca publicidade se dá em relação ao destino destes recursos, que seriam usados no combate à covid

Bolsonaro elevou ao poder a escória da política e das instituições e quem perde com isso é a saúde, que cada vez mais têm recursos desviados. 

Vários aspectos pitorescos foram expostos com a operação da Polícia Federal na casa do vice-líder de Bolsonaro no Senado, o senador Chico Rodrigues, no estado de Roraima. 

Primeiro é o fato dele ser do DEM, partido do presidente do Senado. Segundo, por todos os aspectos de onde foi encontrado o dinheiro e da tentativa do vice-líder em tentar esconder os recursos da Polícia Federal. 

Depois a revelação de que o primo de Carlos Bolsonaro, seu grande aliado no gabinete do ódio - que também despachava dentro do governo - estava também escondido com seu assessor no gabinete do vice-líder de Bolsonaro no Senado que foi pego com dinheiro nas suas nádegas

E ainda temos o fato da corrupção acontecer no estado de Roraima. Mas pouca publicidade se dá em relação ao destino destes recursos. Eram recursos aprovados pelo Congresso Nacional, que seriam usados no combate à covid-19 e que foram liberados pelo Ministério da Saúde. 

Esse episódio revela dois fatos muito importantes. O primeiro fato é em relação a Bolsonaro elevar a cargos de extremo poder, como a vice-liderança do Senado, a escória da política. Mas um segundo fato é que este episódio pode estar revelando um grande esquema de compra de uma base no Congresso Nacional se utilizando de recursos autorizados para o Ministério da Saúde no combate à covid-19. 

O que se revela é que os recursos que foram autorizados e que deveriam ter sido distribuídos, em pactuação com os estados e municípios, com critérios muito claros de investimentos, na verdade, ao invés de irem para as áreas que mais precisam, para as áreas mais vulneráveis, estavam sendo distribuídos para comprar governabilidade no Senado e na Câmara. 

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Essa evidência toda de desvios de recursos da saúde que seriam utilizados para cuidar das pessoas, operada por líderes políticos de Bolsonaro, só reforça a irresponsabilidade de Bolsonaro na condução da pandemia. A responsabilidade é do presidente Bolsonaro, do seu governo e do Ministério da Saúde.

Bolsonaro não agiu para colocar mais recursos na área da saúde, pelo contrário, quer retirar R$35 bilhões da saúde no orçamento do ano que vêm. E cada vez mais fica evidente que usou o Ministério da Saúde, a ocupação de cargos e a distribuição de recursos para comprar uma base parlamentar e ainda permitir que estes seus aliados políticos façam desvios de recursos da saúde e que escondam esse dinheiro nos locais mais pitorescos e inesperados. 

A luta por mais recursos na saúde tem que sempre estar também combinada com a luta pela coibição da corrupção e do desvio de recursos.

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Leandro Melito