Paraná

EDITORIAL 190 PR

Água e eleições: a crise da incompetência

Os gestores públicos têm responsabilidade na política de gestão da água, garantindo-a como direito humano

Curitiba (PR) |
Moradora do Sabará, em Curitiba (PR), relata dificuldades em relação a estiagem no bairro - Giorgia Prates

Com cada vez menos frequência nas torneiras paranaenses, a água torna-se recurso raro. O sofrimento é maior nas moradias da população mais pobre, sem caixas d’água, com dificuldade de cozinhar e até de se prevenir da covid-19 após jornadas extensas de trabalho externo e uso do insuficiente transporte coletivo de Curitiba.

Mas será que a falta de chuva é a única explicação para a crise hídrica? Os gestores públicos têm responsabilidade na política de gestão da água, garantindo-a como direito humano. Preservação e recuperação ambiental, especialmente das matas ciliares de rios e nascentes, distribuição justa nas diversas regiões da cidade, priorização do atendimento das necessidades básicas das pessoas, e não do lucro dos bancos, são algumas das ações que deveriam ser tomadas por esses gestores.

Prefeituras e vereanças são fundamentais. Além da responsabilidade por essas políticas, têm papel central no diálogo pela garantia da população com o governador. Ratinho Jr., aliás, quer privatizar a Sanepar para tornar o acesso à água e ao saneamento básico ainda mais caro. Neste ano de alerta, as eleições municipais têm o potencial de alterar este cenário desolador. Mas o voto deve ser em candidaturas que reconheçam a crise hídrica e que se comprometam com mudanças estruturais. Ou seguiremos votando nos ricos que cruzam os braços para a falta de acesso justo à água? A crise não é nossa, é incompetência dos governos.

Edição: Pedro Carrano