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ENTREVISTA

Servidores do Itamaraty “tentam reduzir danos” de política de Araújo, diz diplomata

Cottas Freitas critica política externa ideológica promovida por chanceler: "Ser pária internacional é um desastre"

30.out.2020 às 10h59
São Paulo (SP)
Lu Sudré

“O Brasil fala em liberdade através do mundo, se isso nos faz ser um pária internacional, então que sejamos um pária”, disse Ernesto Araújo - Foto: Marcos Correa/PR

No dia 22 de outubro, o chanceler Ernesto Araújo repudiou as críticas à política externa do governo Bolsonaro durante formatura de diplomatas do Itamaraty. Na ocasião, o embaixador citou que na última Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), somente o presidente americano Donald Trump e Jair Bolsonaro falaram em liberdade. 

“O Brasil fala em liberdade através do mundo, se isso nos faz ser um pária internacional, então que sejamos um pária”, defendeu o embaixador. 

Leia mais: Manifestações denunciam "agressões do imperialismo" em aliança de Trump e Bolsonaro

Entretanto, na outra ponta, trabalhadores do Itamaraty estariam buscando atenuar os impactos do isolamento do país diante do alinhamento estreito com o trumpismo e da defesa de pautas conservadoras em fóruns multilaterais.

É o que afirma o diplomata Antonio Cottas Freitas, que atua no ministério das Relações Exteriores desde 2004, em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato. Segundo ele, os que servem o Estado na carreira diplomática sentem diretamente as consequências da atuação ideologizada de Araújo e recebem as decisões políticas com preocupação.

Atualmente se criam conflitos por determinações que contrariam abertamente o interesse nacional

“Aqueles que estão no exterior representam essa política externa, representam o Brasil lá. São cobrados e questionados. É difícil. Por um lado, há o dever de cumprir as instruções e ser um bom profissional. Pelo outro, há um conflito e não só de consciência política. Ser um governo de direita e a pessoa ser mais à esquerda, por exemplo, isso acontece… mas atualmente se criam conflitos por determinações que contrariam abertamente o interesse nacional”, diz Freitas.

Leia também: Artigo | A soberania nacional, por Samuel Pinheiro Guimarães

“É difícil. Mas tem que se resignar e procurar, no limite das possibilidades, atuar para minimizar danos. É a redução de danos na ponta, quando possível. Mas a estrutura do Itamaraty não facilita”.

Em sua carreira diplomática, o servidor do Itamaraty atuou em Brasília, Pequim e Washington. Desde 2015 está em licença não remunerada e se re-apresentará ao órgão em 2021. 

Sobre a declaração do chanceler há uma semana durante formatura do Instituto Rio Branco, Freitas ressalta que ser um pária internacional tem consequências concretas para a população, para empresas e outros interesses nacionais. 

Não é positivo ser pária internacional, excluído das rodas enquanto países definem fluxos de comércio, investimentos e parcerias

A exclusão de fluxos de investimentos, dificuldades em negociações comerciais e no relacionamento com países vizinhos, empecilhos que não existiam, sublinha o diplomata, devem se intensificar.

“Não é positivo de maneira alguma ser pária internacional. Estar excluído das rodas, ficar sozinho em um canto enquanto países que somam a maior parcela do PIB mundial estão no outro negociando normas e regras internacionais, definindo fluxos de comércio, investimentos e parcerias”, diz Freitas. 

Na mesma ocasião, Ernesto Araújo teceu críticas ao multilateralismo e à diplomacia das gestões anteriores e disse que o Brasil estava perdendo a sua identidade antes de o presidente Jair Bolsonaro assumir o mandato pois ficou "muito tempo dentro de si mesmo, cantando glórias passadas, lustrando troféus antigos e esquecendo-se de jogar o campeonato deste ano".

Durante o pronunciamento, o chanceler negou negou integrar a chamada ala ideológica do governo, ainda que tenha criticado o “marxismo sem Deus”.

No entanto, debates promovidos pela Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), fundação pública vinculada ao Itamaraty que promove conferências e formações sobre as relações internacionais, mostram o contrário. 

Temas como o combate ao chamado globalismo e ao comunismo, além de outras ideias anti científicas e alardeadas pelo chamado olavismo – como são conhecidos os seguidores do escritor e astrólogo Olavo de Carvalho –  integram a agenda de eventos da Fundação. Embaixadores e professores de Relações Internacionais perderam espaço para blogueiros, militantes pró governo federal e colunistas.

Para Cottas Freitas, a política externa do governo Bolsonaro é contraditória e atua a partir do confronto com um suposto inimigo, em que aqueles que questionam ou discordam de seus posicionamentos são perseguidos, constrangidos e atacados.

Estão sacrificando tudo para propaganda política interna, muito duvidosa, problemática, divisionista

De acordo com ele, o discurso apodera-se cada vez mais da máquina estatal para potencializar a distribuição de narrativas reacionárias.

“Estão sacrificando tudo para propaganda política interna, muito duvidosa, problemática, divisionista, que cria conflitos e confrontos no próprio país. É um pesadelo”, comenta o diplomata.

Em maio deste ano, durante a pandemia e frente ao redirecionamento do Itamaraty, Freitas fundou o Instituto Diplomacia para a Democracia. A organização promove uma série de debates sobre política externa com especialistas, dando espaço para vozes dissonantes da área.

Aliados ao trumpismo

Ao dirigir a palavra aos formandos na semana passada, Ernesto Araújo disse que os novos diplomatas chegam a um “Itamaraty que se renova", que angariou acordos comerciais com as maiores economias do mundo e países de alta tecnologia, como Japão e Israel, além de parcerias com grandes centros de capital como Arábia Saudita e Emirados Árabes.

Mas, desde a chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto, o alinhamento aos Estados Unidos na política externa tem sido destaque e alvo de críticas.

A começar pelo fato de o Brasil abrir mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio formal da potência norte-americana para ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos “países ricos”. 

O discurso anti-China, por sua vez, também copiado do atual governo dos Estados Unidos, interferiu no processo de produção da vacina Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Na opinião de Antonio Freitas, ecoada por outros especialistas, outras negociações bilaterais foram favoráveis apenas aos Estados Unidos, como o da exportação de aço.

Não é uma aliança com os Estados Unidos. É uma aliança com uma facção extremista do sistema político norte-americano

Ele frisa que, em nenhuma hipótese, um país das dimensões do Brasil poderia se sujeitar de tal forma a outra nação, independente de qual seja.

“Não é uma aliança com os Estados Unidos. É uma aliança com uma facção extremista do sistema político norte-americano. Não é com o partido republicano, é com o trumpismo. Esse é o mais óbvio e mais colossal erro ou violência contra a tradição diplomática brasileira e contra os interesses da população”, ressalta o diplomata.

Um cenário de provável não reeleição de Trump em 3 de novembro próximo, nas eleições presidenciais, também impactaria a posição mundial brasileira.

Sem o republicano na Casa Branca, o diplomata avalia que embora os Estados Unidos sigam como uma potência imperialista e intervencionista, o governo Bolsonaro enfrentará maiores dificuldades diante das questões ambientais e de direitos humanos, cujos posicionamentos conservadores já são criticados em nível global.

Como a aposta no Trump foi muito profunda, sem dúvida eles [os governos de EUA e Brasil] vão ter que tentar reconstruir canais de diálogo

“Como a aposta no Trump foi muito profunda, sem dúvida eles [os governos de EUA e Brasil] vão ter que tentar reconstruir canais de diálogo. Mas no curto prazo, a questão ambiental pode se tornar um calcanhar de Aquiles importante na relação entre Brasil e Estados Unidos. E como os Estados Unidos influenciam o mundo inteiro, [devem influenciar também] a relação do Brasil com o mundo”. 

Entre as outras consequências concretas da política adotada pelo Itamaraty, Freitas destaca graves danos à integração latino-americana, principalmente pela perda de diálogo com a Argentina e a incapacidade de influenciar positivamente a conjuntura da Venezuela. 

Ele também acredita que a implementação de uma “política externa cristã”, profundamente conservadora, fere a laicidade da Constituição Federal de 1988.  

Tradição diplomática descartada

A retórica revolucionária e as apostas do “Itamaraty renovado”, que rechaça a atuação dos governos republicanos anteriores, chegam à metade do governo sem grandes conquistas e dependendo da eleição presidencial de outro país para traçar seu futuro.

Apesar do discurso de Ernesto Araújo, o quanto a nova política externa está de fato unificada internamente é uma grande dúvida.   

“O quanto as pessoas do Itamaraty, os diplomatas seniors, estão ali levando isso adiante por oportunismo ou realmente por alinhamento? O quanto isso está assentado no Itamaraty? O quão isso está estruturado em outros órgãos do governo que também praticam política externa e diplomacia como os próprios militares ou áreas como o Ministério da Economia?”, questiona o diplomata.

Leia mais: O desafio de reverter o desmonte da soberania nacional

Cottas Freitas reforça que a  diplomacia, em primeiro lugar, deve seguir as orientações e princípios constitucionais objetivando a garantia dos direitos dos brasileiros.

Para isso, nas relações internacionais, defende uma diplomacia que busca a autonomia do Brasil, a cooperação com os países vizinhos, que compreenda a América Latina unida como potência. 

Não é bom ser pária e ficar isolado. Pelo contrário: isso é um desastre

Uma diplomacia universalista, que converse com todos os países, incluindo  China, Rússia, Estados Unidos e União Europeia, dando atenção especial para as relações com os países africanos, que compartilham laços históricos e sociais com o Brasil.
 
Essa é a grande tradição brasileira. É o arroz com feijão que sempre fizemos. O Brasil não é um país com grandes meios militares, não temos ambições imperialistas territoriais. O que precisamos fazer é dar melhores condições de vida para a população brasileira. Para isso, é preciso ter um bom relacionamento. Não é bom ser pária e ficar isolado. Pelo contrário: isso é um desastre”.

O Brasil de Fato aguarda posicionamento do Itamaraty.

Editado por: Rogério Jordão
Ler em:
Espanhol
Tags: ernesto araújoitamaraty
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