agronegócio

“No nosso pão não”: organizações argentinas fazem campanha contra trigo transgênico

Documento com mais de 6 mil assinaturas pede que o governo do país reverta a decisão de produzir trigo HB4

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A variedade de trigo HB4 foi desenvolvida pela empresa argentina Bioceres, em parceria com a Universidade Nacional e Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) - Marcelo Manera/AFP

Mais de duzentas organizações argentinas e 6.200 cidadãos assinam um documento apresentado ao governo argentino para exigir que a decisão de produzir o trigo transgênico HB4 seja revertida.

A resolução de produzir o novo trigo transgênico (trigo IND-ØØ412-7) foi divulgada em 9 de outubro através do boletim oficial do Ministério de Agricultura do país.

No abaixo-assinado intitulado “No nosso pão não”, as entidades afirmam que “o cultivo massivo desse trigo representaria o aumento exponencial da presença de agrotóxicos” nos pratos da população argentina, já que o pão é um dos principais alimentos consumidos no país.

O documento está composto por 20 pontos, através dos quais a sociedade civil argentina defende que a aprovação do trigo HB4 levará ao aumento do consumo de agrotóxicos, associados a enfermidades, além de atacar a soberania alimentar e a agroecologia praticada pelos produtores familiares e movimentos camponeses.

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A nota ainda destaca que não houve um processo participativo para a aprovação da decisão.

“Os cidadãos não puderam participar dos trâmites de aprovação deste evento transgênico, o que viola a Constituição Nacional e os tratados internacionais de direitos humanos”, diz o abaixo-assinado.

Assinam o documento diversas organizações camponesas, ecologistas e ligadas à agricultura familiar do país, movimentos populares e 15 cátedras universitárias sobre estudos sobre soberania alimentar e nutrição.

Para os mais de 6 mil firmantes, a resolução do Ministério da Agricultura representa uma “entrega aos capitais transnacionais”, já que a Monsanto é uma das principais acionistas da empresa argentina de biotecnologia Bioceres – que terá comercialização exclusiva do trigo transgênico.

A comercialização do trigo transgênico ainda precisa da aprovação do Brasil, principal comprador do trigo argentino.

Edição: Luiza Mançano