SOLIDARIEDADE

Hortas comunitárias no Paraná fornecem suprimento de comida em meio à crise sanitária

No estado, 442 toneladas de alimentos já foram distribuídos pelo MST para famílias em situação de vulnerabilidade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |

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Mutirão de plantio agroecológico no Assentamento Contestado, em Lapa (PR) - Divulgação/MST

No Paraná, as ações de solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) têm se fortalecido a partir da criação de 17 hortas comunitárias e centros de produção de alimentos saudáveis. 

A horta mais recente foi inaugurada na semana passada, em mutirão realizado por 400 famílias que vivem no Acampamento Maila Sabrina, localizado em Ortigueira (PR). 

A comunidade, que desde o início da pandemia já doou 34 toneladas de alimentos e 1,9 mil pães caseiros para famílias de Curitiba e Londrina, tem um grande histórico de luta e resistência. São 18 anos em que as famílias estão acampadas e buscando a efetivação da conquista da área. 

"Esse é um momento muito triste no Brasil. Uma realidade muito triste. Mas para nós, o momento de contribuir é de muita alegria", destaca a agricultora Joelia Cordeiro de Godoi, que faz parte da direção do acampamento. 

A camponesa do MST explica que os alimentos plantados, além de ajudar às famílias urbanas, servirão para suprir as necessidades de famílias recém-chegadas ao Maila Sabrina e viabilizar um banco de sementes crioulas para uso coletivo.

"Nós plantamos em média 400 pés de bananeira, a comunidade toda, cada um tinha esse compromisso de trazer uma muda e fizemos todos os plantios. Além das bananeiras, nós temos 100 quilos de sementes, arroz, feijão. E também estamos plantando por volta de meio alqueire de mandioca”, aponta. 

Neste período de pandemia e crise econômica, só no Paraná, cerca de 442 toneladas de alimentos já foram distribuídos para famílias em situação de vulnerabilidade por 121 assentamentos e 51 acampamentos do MST, espalhados por 80 municípios.

Entre as doações, mais de 80 tipos de alimentos, como grãos, tubérculos, frutas, legumes, verduras, mel, ovos, pães, bolachas, leite, bebida láctea, queijo, macarrão caseiro, além de álcool 70 e sabão caseiro.

No Assentamento Contestado, no município de Lapa (PR), cerca de 130 pessoas, entre camponeses e trabalhadores urbanos, têm realizado mutirões de plantio de alimentos agroecológicos em sua lavoura comunitária. 

A ação é resultado da aliança entre famílias assentadas, a Escola Latino Americana de Agroecologia Ana Primavesi (ELAA) e o coletivo Marmitas da Terra - coordenado pelo MST.

Por lá, o protagonismo vem das mulheres camponesas. "O papel nosso agora na pandemia é sempre fundamental. Porque somos nós mulheres ali nas hortas que sempre estamos no empenho de planejar, organizar e plantar", explica a jovem agricultora Taize Costa Curta Martins, de 22 anos.  

"A gente é sempre a que mais sofre, então a gente consegue enxergar que é fundamental para outras mães, outras crianças que estão na cidade poder ter um alimento daqui", enfatiza.

Para o mês de dezembro e o período do Natal, o MST segue com ações de solidariedade em todo o Paraná. Uma das atividades mais expressivas será a entrega de cestas agroecológicas, a “Cesta Esperança”, para cerca de 2 mil famílias em situação de vulnerabilidade de Curitiba e região. A iniciativa é uma parceria com cooperativas da reforma agrária e de padarias comunitárias.

Edição: Leandro Melito