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Artigo | Um solo fértil para regenerações

Documentário "Solo Fértil", lançado este ano pela Netflix, mostra como a agricultura regenerativa pode salvar o planeta

12.dez.2020 às 11h06
São Paulo (SP)
Fábio Sorrentino

É através de um equilíbrio precário entre ordem e desordem que a vida se mantém - Francesco Gallarotti/Unsplash

A Amazônia queima, o Pantanal queima, o traço de mata que cresce espremido entre a casa de meus pais e a rodovia queima. Tudo parece queimar, só não queima o banquete dos que tudo queimam. O presente é uma fábrica de distopias. 

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Vendo futuros horríveis despontando incansáveis no horizonte, é difícil criticar esforços para mostrar caminhos mais esperançosos. Difícil como rechaçar Joe Biden e o imperialismo estadunidense (lobos em peles de cordeiros) nos forçando a conservar a Amazônia, quando temos Bolsonaro e destruição.  

Criticar Solo fértil, a Netflix e brancos norte-americanos ensinando ao resto do mundo conceitos agroecológicos, quando temos poderosas multinacionais forçando a agricultura industrial solo abaixo, é difícil. As velhas sentenças de que a esquerda gosta de usar tempo e esforços para se desunir continuam em bocas velhas e jovens. Mas criticar não é rechaçar. E este texto é uma crítica. 

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Solo fértil é um documentário estadunidense centrado no papel ecológico do solo e na agricultura regenerativa, narrado pelo ator americano Woody Harrelson e lançado este ano pela Netflix.  

Entrevistando e acompanhando pesquisadores, agricultores e atores, o documentário apresenta o solo como resposta ao aquecimento global, aos problemas ambientais e à saúde humana. O solo como algo vivo e complexo, que se relaciona não só com as plantas que nele crescem, mas com o macro e o microclima, o ciclo e a qualidade da água, a resiliência dos ecossistemas. E por aí e por lá vai, pela vida e pelo mundo: ecossistemas são complexos em interligações, e impactos em suas partes continuam pelo todo.  

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A separação do mundo em partes, que poderiam ser estudadas e compreendidas isoladamente, é a base da ciência clássica. Separar, isolar, especializar. Compreendemos as partes, interferimos, e elas reagirão de forma previsível (o que, por mais certo que seja para a ciência, continua sendo um pressuposto). O documentário mostra as consequências da aplicação em larga escala de alguns conhecimentos e pressupostos científicos, com técnicas industriais, na agricultura. A agricultura industrial.  

Separar o solo do resto do mundo, separar a nutrição das plantas no solo, do resto das plantas e do solo, e concluir a pesquisa em uma receita dos elementos químicos e suas quantidades necessárias para que as plantas cresçam da forma mais eficaz possível. Revolver e expor o solo; plantar e adubar quimicamente seguindo essa receita; envenenar outras plantas que ousarem crescer ali; colher tudo, deixar nada; usar máquinas pesadas. A matéria orgânica do solo diminui, as plantas precisam de mais adubação química pois o solo está menos fértil, mas desestruturado e sem matéria orgânica, ele retém pouco dessa adubação, que desce com as águas para lençóis freáticos e rios. Isso é só uma parte. Os venenos usados para matar as plantas indesejadas também matam microrganismos do solo que interagem com as raízes das plantas, ajudando na fixação de diversos nutrientes. Só mais uma parte. 

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O solo não é separado do mundo: ele capta e transforma o carbono da atmosfera em matéria orgânica; mas ao ser degradado, solta o carbono na atmosfera. O solo exposto é erodido e assoreia rios. A biomassa que cresce como planta é colhida para nossa alimentação: jogamos os restos da comida no lixo, o que comemos urinamos e defecamos em privadas; nos lixões, esses restos serão decompostos anaerobicamente (sem ar), liberando metano (um dos gases mais impactantes no aquecimento global) na atmosfera; damos descarga e jogamos na água nossas fezes e urinas, aonde causarão fenômenos como a eutrofização. Retiramos a matéria orgânica de seu ciclo natural, resultado de bilhões de anos de interações, adaptações, coevoluções que possibilitaram o desenvolvimento da vida na Terra, e a colocamos em ciclos novos. Nos ciclos naturais, essa matéria orgânica voltaria ao solo, seria decomposta por milhões de vidas e alimentaria outras milhões. Nos ciclos novos, causará perturbações em cadeia. 

O solo também se relaciona diretamente com a resiliência das culturas agrícolas produzidas. Entra em cena Gabe Brown, um homem autodenominado rancheiro, proprietário de uma fazenda na cidade de Bismarck (Estados Unidos). Gabe conta no documentário que perdeu suas colheitas durante quatro anos seguidos, arrasadas por geadas e secas. Plantava monoculturas com métodos convencionais.  

Então ele diversificou as plantações, rotacionou as pastagens de gado, fez plantio direto, abandonou os venenos, e sua fazenda mudou. O solo, e por consequência as culturas, aumentaram a resiliência contra infortúnios climáticos. Gabe nos leva à fronteira com a fazenda vizinha: de um lado, solo; do outro, terra. 

Solo fértil mostra como diversas questões ambientais estão relacionadas à destruição do solo, e sua transformação em terra. Mas é um documentário não fatalista, que mostra também caminhos que já estão sendo trilhados para reverter esse processo, agriculturas que regeneram a vida do solo.  

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O documentário apresenta iniciativas de agricultura regenerativa em outros países. No Haiti, uma atriz branca e loira ensina o povo negro como compostar as fezes. No Zimbábue, um homem branco inglês ensina sobre administração holística das pastagens. Na China, um homem que parece americano de origem asiática fala da bem-sucedida experiência de restauração de uma área do tamanho da Bélgica. 

São todas experiências bonitas e interessantes, mas fica a impressão de estadunidenses mostrando ao resto do mundo como fazer coisas que povos indígenas faziam por aqui há séculos, que agricultoras e pesquisadoras fazem há décadas, desafiando a hegemonia da agricultura convencional e seu poder conformador nas universidades e no campo. Que nossa Ana Maria Primavesi – agora descansando de volta ao solo que tanto amou – desde meados do século passado falava e escrevia, revolucionando a ciência e a agricultura (o filme faz nenhuma menção à ela). Fica a impressão das pessoas que forçam sua hegemonia no mundo, mostrando ao resto do mundo técnicas agroecológicas como se fossem suas, e ignorando as ricas e vastas experiências protagonizadas e desenvolvidas por cada país. 

Apesar disso, o documentário tem cenas bonitas, é bem feito e está em uma plataforma virtual assistida por milhões de pessoas. É uma ajuda em nossa luta por trilhar caminhos esperançosos guiados por horizontes utópicos. A não sucumbirmos ao presente e desistirmos do futuro, como pede Harrelson ao final. 

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Não desistiremos. Abrimos caminhos e sonhamos futuros. Se o presente mata os sonhos como agrotóxico em vidas indesejadas, eles renascem e despontam como Sol dia após noite. E nossa luta que faz a Terra girar não se contém no solo fértil: transborda para regenerar os campos e as cidades, os processos que destroem as vidas pela miséria e pela fome, pelo estresse e pela desesperança. Regenerar a solidariedade e o compromisso com o futuro. Ouvimos nossos filósofos, como Ailton Krenak, e vamos aonde o filme não vê: nos compreendemos como parte da natureza. Separar humano de natureza é como separar o solo das plantas.  

E nossa luta transborda para regenerar os mundos destruídos por todas as explorações da natureza. 

*Fábio Portugal Sorrentino é escritor e pesquisador. Graduado em Gestão Ambiental, faz mestrado no programa de Ecologia Aplicada da ESALQ/USP e participa da Associação de Pós-Graduandos da mesma. 

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

 

Editado por: Lucas Weber
Tags: agroecologiadocumentário
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