Paraná

DESPEJO FORÇADO

Ocupação Nova Guaporé, na Cidade Industrial, sofre ameaça de despejo forçado

300 famílias em período de pandemia não têm para onde ir. Defensoria e Comissão de Direitos Humanos Alep buscam intervir

Curitiba (PR) |
Despejos forçados têm sido comuns na capital paranaense. Juristas e deputados buscam evitar o pior - Divulgação

Ameaça de despejo forçado está sinalizada para a madrugada de amanhã (17) contra a ocupação Nova Guaporé, existente desde outubro, instalada no complexo de ocupações na região do Sabará, Cidade Industrial de Curitiba (CIC), local onde já surgiram ao menos seis ocupações desde 2015, uma região de grande necessidade por moradia.

A Defensoria Pública do Paraná e a comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) buscam intervir e evitar a medida violenta. “Fizemos ofício pela comissão de Direitos Humanos para a Secretaria estadual de Segurança Pública, é importante que saibam que tem mais gente acompanhando”, afirma o deputado estadual Tadeu Veneri (PT-PR).

As 311 famílias cadastradas estão apreensivas e assustadas com a movimentação da Guarda Municipal e Polícia Militar no local durante o dia de hoje (16). Advogados consultados pela reportagem informam que o terreno é privado, pertencente à imobiliária.

“A precarização da vida trazida com a pandemia do Covid, junto ao descaso do governo, levaram mais de 300 famílias a ocuparem a área, por não ter condições de pagar aluguel neste momento de crise. O judiciário determinou a retirada das famílias sem prestar qualquer auxílio de ordem social, mesmo considerando que são pessoas de baixa renda e que não possuem outra alternativa de moradia”, analisa Valéria Fiori, advogada do Instituto Democracia Popular (IDP).

Diante da ameaça de despejo, organizações populares apontam se deslocar para o local em solidariedade. Moradores, por sua vez, estão organizados:

“O pessoal está com medo, nervoso, não tem para onde ir, o que fazer, não foi recebida documentação nenhuma até agora, pessoal quer a moradia e deve ficar em cima do terreno, lutar pelos seus direitos”, afirma Robert, morador local.

A crise econômica tem forçado ocupações urbanas em semanas recentes em Curitiba, com consequente violência por parte do poder público. Há duas semanas, famílias foram despejadas pela Guarda Municipal.

“Em um momento pandêmico, em que diversas famílias estão sofrendo perdas econômicas consideráveis, reprimível é sim a ação do Estado que, alheio a todo o contexto social, se interessa apenas em manter sua terra vazia”, afirma a advogada popular Alice Correia, da Rede Nacional de Advogados Popular (Renap).

Edição: Frédi Vasconcelos