A premiação de Marivaldo é o destaque maior do momento e revela um imenso exemplo de paixão pelo Sport. O simbolismo do “até a pé nós iremos” no hino do Grêmio fica para trás na realidade do morador de Pombos (PE), ao encarar os 60 km de caminhada para assistir aos jogos do Sport. Mas o fato pode puxar também a reflexão de que, por mais que se mexa em mi-bi-trilhões no planeta bola, o maior sentido do futebol sempre vai estar na vivência popular.
Também vale virar a chave para o outro lado da moeda na história que é realmente impressionante. Será que vamos enxergar a questão apenas com as lentes do que é exótico ou restritamente emotivo? Olhamos também o aspecto de direitos de alguém que precisa andar 12 horas para ir ao estádio de futebol? Marivaldo é muito merecedor do prêmio e um motivo de orgulho para o Sport. Mas o Sport, os clubes brasileiros e as políticas para o esporte no Brasil estão enxergando o distanciamento que o futebol elitizado está causando para boa parte da população? O que se pensar, por exemplo, sobre preço de ingresso, consumação interna e questões de mobilidade no país? O sentido popular do futebol não deve ser visto como relegar direitos.
O caso também acende uma luz sobre como o acesso aos estádios precisa ser revisto no Brasil. O momento não é para ninguém por conta da pandemia. Mas quando voltarmos às condições seguras e sem problema de contaminação, vale lembrar que muitas outras pessoas sofrem para ingressar a Ilha ou outros estádios de grandes times de futebol do país.
