Educação na pandemia

Escola do RS ocupada para impedir fechamento recebe vistoria de oficial de justiça

Escola que seria fechada pelo governador Eduardo Leite está ocupada há mais de 4 meses por pais, alunos e comunidade

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Imagem da primeira visita do oficial de justiça, no dia 4, quando ficou combinado que retornaria no dia seguinte; na vistoria no dia 5, o oficial se demonstrou surpreso com as boas condições do prédio - Foto: Marcus Vinicius

Um oficial de justiça visitou, nesta terça-feira (5), o prédio da Escola Estadual de Ensino Fundamental Estado do Rio Grande do Sul para conferir o estado das instalações e se não havia danos provocados pela ocupação.

A escola segue ocupada há quatro meses pela comunidade escolar, que luta contra o seu fechamento. Para o grupo de pais e alunos que ocupa o espaço, a visita do oficial de justiça pode ser um primeiro passo para um possível processo de reintegração de posse.

Localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, o colégio seria fechado e mudado de lugar pelo governo do estado, não fosse o ato de resistência de estudantes, mães e pais de alunos e apoiadores, que se revezam na ocupação do prédio desde 4 de setembro.

Segundo depoimento de Rossana da Silva, que é presidente do Conselho Escolar da Escola Rio Grande do Sul e também é mãe de um aluno da instituição, o oficial pôde registrar as perfeitas condições em que se encontra a escola. A comunidade que está ocupando o prédio, inclusive, está reformando as instalações.

"Estamos ocupando a escola há 121 dias, evitando que ela seja fechada e também fazendo melhorias, como pinturas e pequenos reparos. Hoje tivemos a visita de um oficial de justiça, para registrar o que está acontecendo no interior do prédio. Alegaram que vândalos poderiam estar ocupando o prédio e destruindo a escola. O oficial de justiça esteve na escola, bateu muitas fotos e fez anotações, ele pode conferir que a escola está bonita e em ótima condição. Pôde ver também que são as mães, pais, alunos e comunidade quem estão lutando para que a escola fique no mesmo endereço", detalhou.

No mesmo sentido, Jonas Comoreto, que é pai de um aluno da escola e estudante da Educação de Jovens e Adultos à noite, também comentou que está na ocupação desde o início. "Nós aqui estamos fazendo melhorias na escola. Hoje, com a visita do oficial de justiça para fazer uma avaliação, pudemos ver que ele ficou surpreso, pois a escola está muito bonita. Queremos que ela fique cada dia mais, estamos ocupando para não perder a escola ali. A escola é da comunidade, dos nossos filhos", argumentou.

120 dias de ocupação

A decisão de ocupar o prédio da escola veio após o governo do estado mandar arrombar o cadeado do portão de entrada, removendo equipamentos, materiais e documentação. A atitude chocou a comunidade escolar, pois nem as equipes diretivas sabiam que isso aconteceria. Até mesmo os quadros da Policial Militar que residem no prédio e cuidam da segurança da escola também não foram informados da intervenção do governo no local, deparando-se com o cadeado trocado.

Respondendo aos apelos da comunidade, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) já apresentou duas versões diferentes sobre o motivo da transferência dos alunos. Entre elas está a versão de que aquele prédio seria utilizado como um albergue.

Desde então, a comunidade ocupou o prédio e tem se mobilizado e pressionado por uma abertura de diálogo com o governo. No entanto, o grupo se diz convicto de que o encerramento das atividades da escola faz parte de uma estratégia de desmonte da educação no estado.

O desejo da comunidade escolar é que hajam garantias por parte do governo de que a escola permanecerá ali, com a desistência de remoção e devolução dos materiais e equipamentos apreendidos.


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Camila Maciel e Katia Marko