Mutação brasileira

Fiocruz confirma nova cepa do coronavírus no Amazonas

Primeira identificação foi feita pelo governo japonês após um grupo de turistas do Japão ter se infectado no Brasil

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Representação de célula humana fortemente infectada pelo novo coronavírus (pontos azuis) - NIAID / Fotos Públicas

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atestou que uma nova cepa do coronavírus foi identificada no Amazonas. Segundo o estudo, a variante teria evoluído de uma linhagem viral que circula no estado. Ainda de acordo com as conclusões da investigação científica, a mutação detectada na variante é recente e parece ter surgido entre novembro e dezembro de 2020.

Em nota técnica, a Fiocruz explicou que o microrganismo surgiu “independentemente, durante a evolução da linhagem”. Ou seja, não há relação com os casos brasileiros contaminados pelas novas cepas que foram identificadas em outros continentes. O registro da variante brasileira foi feito inicialmente pelo governo japonês, após identificação de contaminação em quatro turistas do Japão que estiveram no Amazonas no fim de 2020.

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Pressão evolutiva

O comunicado da Fiocruz afirma ainda que o surgimento simultâneo de linhagens diversas em diferentes nações sugere “mudanças seletivas convergentes na evolução de Sars-CoV-2 , devido a similar pressão evolutiva durante o processo de infecção de milhões de pessoas". Ou seja, o volume de pessoas contaminadas globalmente impacta no aparecimento das mutações.

Ainda não há certeza sobre o potencial de propagação das novas cepas. Segundo a nota da Fiocruz, "se essas mutações conferem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral, devemos esperar um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses". Os estudos foram realizados no Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD) da Fiocruz Amazônia.

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Aumento dos casos no Amazonas

O pesquisador Felipe Naveca, vice-diretor de Pesquisa e Inovação do Instituto, explica que o avanço acentuado dos casos de covid-19 no Amazonas, registrado nas últimas semanas, não deve ser consequência apenas da nova cepa. "Eu não considero que ela seja a única responsável. Primeiro porque a gente não tem certeza se ela está circulando no Amazonas em grande quantidade", argumentou.

De acordo com o cientista, ainda é preciso aumentar o número de amostras para uma análise mais concreta sobre esse aspecto. Ele lembra também que o cenário sofre impacto de vários fatores. "A gente tem o início da temporada de vírus respiratório no Amazonas, que historicamente acontece em meados de novembro em diante. A gente tem essa situação sazonal, a variante e também a diminuição do distanciamento social", completa Naveca. 

 

Edição: Camila Maciel