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TRADIÇÃO

Carroceiros pedem que Kalil vete lei de proibição gradativa de carroças em BH

Na opinião deles, o Projeto de Lei 142/17 criminaliza o modo de vida de 10 mil trabalhadores da Região Metropolitana

14.jan.2021 às 21h14
Belo Horizonte
Redação
manifestação, carroceiros

Carroceiros pedem veto total da lei aprovada pelos vereadores em dezembro de 2020. - Créditos da foto: Reprodução

Em mais uma tentativa de reverter a diminuição gradativa de veículos de tração animal e humana em Belo Horizonte, os carroceiros e carroceiras lançaram uma carta diretamente ao prefeito da cidade. O documento, assinado pela Associação dos Carroceiros e Carroceiras Unidos/as de BH e Região Metropolitana e mais 30 entidades, pede o veto total da lei aprovada pelos vereadores em dezembro de 2020.

“Primeiro, é um projeto autoritário, pois não ouviu os/as carroceiros/as e não teve participação popular. Sustentado no argumento de que o modo de vida carroceiro é baseado em maus tratos e na escravidão animal, o PL visa substituir os cavalos por motos adaptadas. No entanto, embora haja situações de maus tratos, também repudiadas com veemência pelos próprios carroceiros/as, elas correspondem a minoria dos casos”, escrevem os carroceiros.

:: Leia também: Artigo | “A cidade é nossa roça, nossa luta é na carroça” ::

Para eles, o Projeto de Lei é uma tentativa de criminalizar o modo de vida carroceiro, “resultado de uma postura colonialista, racista, etnocêntrica e higienista que busca impor sobre toda a sociedade uma única forma de se viver as relações entre humanos e animais. Caso semelhante ocorreu recentemente quando se tentou proibir o abate religioso de animais pelos povos tradicionais de matriz africana”.

Em troca, mais parcerias com poder público

A carta reivindica ainda projetos e fiscalizações entre órgãos públicos e a classe carroceira. Como o cadastramento de carroceiros e de animais, a regulamentação da profissão, atendimento veterinário, a melhoria da infraestrutura das Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes e projetos sociais, como alfabetização dos trabalhadores e estímulo ao cooperativismo.

Leia a carta na íntegra:

CARTA ABERTA AO PREFEITO ALEXANDRE KALIL, AOS/AS VEREADORES/AS E PREFEITOS/AS DA REGIÃO METROPLITANA DE BELO HORIZONTE PELOS DIREITOS DA COMUNIDADE TRADICIONAL CARROCEIRA

“A Cidade é Nossa Roça! Nossa Luta é na Carroça!”

No dia 15 de dezembro de 2020, em meio às dores e as mortes da maior pandemia vivida pelo país, a Câmara Municipal de Horizonte (CMBH) aprovou em segundo turno o PL 142/17 que proíbe e criminaliza o modo de vida de 10.000 carroceiros/as de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Ao aprovar tal projeto, a CMBH contribui para o aprofundamento da crise socioeconômica vivida pelo país, causando sofrimento e incerteza para a vida de milhares de famílias, ameaçando sua fonte de sustento e seu modo de vida.

Primeiro, é um projeto autoritário, pois não ouviu os/as carroceiros/as e não teve participação popular. Sustentado no argumento de que o modo de vida carroceiro é baseado em maus tratos e na escravidão animal, o PL visa substituir os cavalos por motos adaptadas. No entanto, embora haja situações de maus tratos, também repudiadas com veemência pelos próprios carroceiros/as, elas correspondem a minoria dos casos. Além disso, os carroceiros e carroceiras reconhecem seus animais não como escravos, mas como companheiros de trabalho, membros de suas famílias e comunidades.

Essa tentativa de criminalizar o modo de vida carroceiro é resultado de uma postura colonialista, racista, etnocêntrica e higienista que busca impor sobre toda a sociedade uma única forma de se viver as relações entre humanos e animais. Caso semelhante ocorreu recentemente quando se tentou proibir o abate religioso de animais pelos povos tradicionais de matriz africana.

O texto de justificativa do PL 142/17 refere-se às condições de trabalho dos/as carroceiros/as como sub-humanas. Os carroceiros e carroceiras, no entanto, sentem orgulho de seu modo de vida e do trabalho que realizam junto com seus companheiros animais. O trabalho dos carroceiros é um trabalho digno e deve ser respeitado. Foi a partir dos recursos gerados pelo trabalho com os cavalos e carroças que milhares de famílias, ao longo de gerações, foram capazes de construir suas casas, educar seus filhos e garantir as condições de vida dignas para sua comunidade. Ao criminalizar o modo de vida carroceiro o PL 142/17 contribui para o aumento do desemprego e da desigualdade social. É importante destacar que grande parte dos carroceiros e carroceiras são analfabetos e/ou estão há décadas exercendo esse ofício, tendo chances mínimas de serem reinseridos em outras profissões e menos ainda de serem habilitados para conduzir motos adaptadas.

O PL142/17, ao propor a substituição dos animais por motos adaptadas trata cavalos, mulas e burros como meros objetos, meras ferramentas de trabalho. Os carroceiros, no entanto, possuem outras formas de vínculo com esses animais, baseadas no reconhecimento mútuo, em relações de afeto e memória.

Outra questão central nesse debate é que os carroceiros e carroceiras se autorreconhecem como Comunidade Tradicional, com modo de vida próprio e cujo direito está 2 garantido pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da ONU, da qual o Brasil é signatário. Além disso, o Decreto 6040/2007 e a Lei 21147/2014, que criaram, respectivamente, as Políticas Nacional e Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais, também garantem o direito dos/as carroceiros/as a manter seu modo de vida. Vale lembrar que entre os/as carroceiros/as há também inúmeros ciganos e quilombolas. Assim, qualquer tipo de ação, seja do setor público ou privado que comprometa o modo de vida dos carroceiros e carroceiras caracteriza uma clara violação à Convenção 169 e à legislação citada.

Do ponto de vista ambiental, o PL 142 representa um gravíssimo retrocesso, já que aumentaria ainda mais os impactos no trânsito e na poluição sonora e do ar, com a entrada de milhares de motos adaptadas em substituição aos cavalos. Ressaltamos ainda que não há nenhum estudo que comprove a viabilidade técnica desses veículos motorizados.

Denunciamos também que o PL 142 beneficia interesses empresariais, especialmente de empresas de caçamba e todos aqueles envolvidos na privatização da gestão de resíduos do município. Desde a década de 1990, o município construiu importantes políticas públicas de gestão de resíduos tendo os/as carroceiros/as como parceiros/as centrais, as quais tem sido enfraquecidas e desmontadas nos doze últimos anos. Se sancionado o PL 142, a proibição do trabalho dos/as carroceiros/as causará uma tragédia socioeconômica na capital mineira, pois toda a cidade de BH, fora do perímetro da Av. do Contorno, com exceção dos bairros enriquecidos, precisa do trabalho dos/as carroceiros/as. Os bairros de classe baixa, bairros populares e periferias não têm condições de pagar caçamba, porque é muito caro. A existência dos/as carroceiros/as ajuda a baixar o preço das caçambas. Nos bairros periféricos, em muitos lugares não é possível um caminhão caçamba chegar, por causa de ruas estreitas ou becos. Enfim, o PL 142 atende ao lobby das grandes empresas de caçamba e matará aos poucos os cavalos e imporá extrema vulnerabilidade social às mais de 10 mil famílias de carroceiros/as existentes em BH e RMBH.

Os efeitos das medidas propostas pelo PL142/17 não se restringem a Belo Horizonte, uma vez que parte dos carroceiros e carroceiras que atuam no município residem em outras cidades da região metropolitana. A aprovação em segundo turno do PL142/17, somada a toda rede de notícias falsas e difamações, orquestrada por parte de grupos e movimentos de pretensa defesa animal, tem fomentado a violência verbal e simbólica cotidianamente contra carroceiros/as. Mulheres e homens que vivem do trabalho com seus animais há décadas e por gerações e que foram fundamentais para a construção da cidade agora são tratados com desprezo e criminalizados.

Diante do exposto, solicitamos ao Prefeito Alexandre Kalil o veto total ao PL 142/17 e a abertura de espaços e instâncias de diálogo com os carroceiros e carroceiras para a consolidação e construção de políticas públicas que garantam os direitos humanos e animais, para cuidar das milhares de famílias carroceiras e dos seus animais. Isso é o justo e por isso lutamos.

E REIVINDICAMOS ainda:

1 – Retomada imediata do Cadastramento dos/as Carroceiros/as, Cavalos, éguas, mulas e burros e Carroças;

2 – Implementação da regulamentação relativa ao trabalho dos/as carroceiros/as no município de Belo Horizonte, com ações educativas e de fiscalização para coibição aos casos de maus tratos;

3 – Estabelecimento de diálogo entre os diferentes municípios da região metropolitana para promoção de uma política integrada para os carroceiros e carroceiras;

4 – Melhoria da infraestrutura das Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes;

5 – Retomada e estabelecimento de novos convênios e parcerias entre a PBH e Universidades públicas e privadas para fornecimento de atendimento veterinário, bem como realização de 3 pesquisas que subsidiem o aprimoramento das políticas públicas para este setor imprescindível na cidade;

6 – Elaboração participativa e implementação de programas sociais voltados à comunidade carroceira, abrangendo projetos de alfabetização e promoção do associativismo;

7 – Estabelecimento de um espaço permanente de diálogo entre o poder público e as organizações de carroceiros/as, tendo em vista a garantia e a defesa dos direitos humanos e animais;

Tudo isto é o justo, legítimo e necessário. Por isso, lutamos.

A Cidade é Nossa Roça! Nossa Luta é Na Carroça!

Belo Horizonte, 12 de janeiro de 2021

Assina esta Nota: ACCBM– Associação dos Carroceiros e Carroceiras Unidos/as de BH e Região Metropolitana

Assinam em apoio: – Comissão Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais – CEPCT-MG – Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial – CONEPIR/MG – Associação dos Carroceiros de Contagem – Comitiva de Muladeiros de Nova Lima – Cáritas Brasileira – Regional Minas Gerais – Fórum Político Interrreligioso – Belo Horizonte – MG – FONSANPOTMA – Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana – Associação Estadual Cultural de Direitos e Defesa dos Povos Ciganos – Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável (MNCMR) – INSEA (Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável) – Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental – Arquidiocese de Belo Horizonte – Kaipora – Laboratório de Estudos Bioculturais – UEMG – Projeto Mapeamento de Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais – UFMG – LEAEH – Laboratório de Educação Ambiental e Ecologia Humana – UNIMONTES – GESTA – Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – UFMG – GEPTT – Grupo de Estudos e Pesquisas em Trabalho e Tecnologias – CEFET – MG – NIISA – Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental – UNIMONTES – MUTIRÓ – Núcleo de Estudos em Agroecologia – CEFET-MG/UEMG – Articulação Embaúba – Parteiras, Raizeiras e Benzedeiras da RMBH – MTD – Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – CEDEFES – Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – MLB – Movimento de Luta de nos Bairros, Vilas e Favelas – AMAU – Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana – Coletivo de Agroecologia do Aglomerado Cabana – Comissão Pastoral da Terra – CPT/MG – RENAP – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares – Movimento de Organização de Base (MOB) – Movimento de Libertação Popular (MLP) – Brigadas Populares – Centro Franciscano de Defesa de Direitos

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Editado por: Rafaella Dotta
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