em plena pandemia

Prefeitura de SP corta distribuição de refeições para população de rua, diz movimento

Em ato na Prefeitura, pessoas em situação de rua exigiram políticas públicas para o grupo durante a pandemia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Manifestantes se reuniram na frente da Prefeitura, na região central de São Paulo - Foto: Igor Carvalho

Cerca de 500 pessoas em situação de rua foram até a frente da Prefeitura de São Paulo, na última quinta-feira (14), protestar contra o corte do projeto Rede Cozinha Cidadã, um convênio que garante a distribuição de 2 mil marmitas por dia.

De acordo com os movimentos presentes no ato, o prefeito Bruno Covas cortará o convênio com os restaurantes da região central da capital paulista em março deste ano.

O Brasil de Fato procurou a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), que decidiram não enviar uma nota comentando o protesto e nem o corte no fornecimento das marmitas.

Segundo a Rede Rua, desde maio de 2020, marmitas eram distribuídas em diversos pontos da região central, como o Theatro Municipal, Largo do Arouche, Pateo do Colégio e na Rua Riachuelo. Desde a virada do ano, a população de rua só tem refeições na Quadra dos Bancários.

:: Em SP, vigília protesta contra mortes da população de rua na frente fria  ::

Com pandemia, população de rua cresce

De acordo com o Censo da População de Rua 2019, divulgado pela Prefeitura de São Paulo em janeiro de 2020, 24.344 pessoas estava em situação de rua na capital paulista.

O Movimento Estadual da População em Situação de Rua estima que, hoje, essa população seja de 50 mil pessoas.

“Durante a pandemia, por conta da falta de auxílio do poder público, esse número cresceu mesmo. São pessoas que estão desassistidas e que precisam de políticas públicas”, explica Andreza do Carmo, da Rede Rua. “Essa situação é uma bomba relógio, vai explodir a qualquer momento”, finaliza a ativista, que prevê um crescimento maior da população de rua em São Paulo nos próximos meses.

:: Comerciantes pressionam para fechar centro que oferece assistência psicossocial no DF ::

Políticas públicas

Para além da alimentação, a população de rua pede que a Prefeitura melhore as condições de albergues que estão superlotados; a ampliação de vagas de hotéis durante a pandemia; a prorrogação do Renda Básica Emergencial municipal; prioridade no programa de vacinação da Covid-19; e o retorno da gratuidade no transporte público para pessoas com mais de 60 anos.

Rodrigo Wesley tem 32 anos e é ferramenteiro, mas hoje trabalha como carroceiro. Em 2018, ficou desempregado e foi morar na rua. “Minha família é de Botucatu, não tenho dinheiro para voltar e fiquei por aqui. É muito difícil a vida em albergues, o banho é gelado, nos tratam mal e os horários são bem ruins”, explicou.

Faz parte da rotina de Wesley buscar o almoço distribuído pelo Rede Cozinha Cidadã na quadra do Sindicato dos Bancários, na região central de São Paulo. “Eu já calculo minha rota para passar lá às 10h e esperar o almoço, é a única refeição do dia. Se acabar, não sei como será minha vida”, lamentou.

:: Jornal de moradores em situação de rua é tema de documentário em festival nos EUA ::

Edição: Camila Maciel