sem base científica

Secretário de Saúde de Nova Lima (MG) deixa cargo após pressão contra “kit covid"

População reagiu contra licitação para compra de medicamentos sem eficácia comprovada no combate ao coronavírus

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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cloroquina
Edital lançado por secretário de saúde de Nova Lima previa compra de 60 mil comprimidos de hidroxicloroquina, 100 mil de ivermectina e 20 mil comprimidos de azitromicina - Créditos: Min. da Saúde

O secretário de Saúde de Nova Lima, cidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), Rafael Guerra, pediu demissão do cargo neste domingo (24), após pressão da população, que se mostrou contrária ao anúncio de que o município iria comprar os medicamentos ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina para prevenção e tratamento da covid-19. Os medicamentos não possuem eficácia comprovada contra a doença — nem para profilaxia, nem para outros tipos de intervenções.

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A saída de Rafael Guerra aconteceu três dias depois que a prefeitura tornou público um edital para a obtenção dos medicamentos. O documento previa a compra de 60 mil comprimidos de hidroxicloroquina (400 mg), 100 mil de ivermectina (6 mg) e 20 mil comprimidos de azitromicina (500 mg).

O desligamento do secretário foi anunciado pelo novo prefeito do município, João Marcelo Diegues (Cidadania), em sua página no Instagram.

Na sexta-feira (22), um dia após a publicação do edital, os novalimenses realizaram manifestações contra Rafael Guerra na rede social, levantando as hashtags “Não existe tratamento precoce” e “Que palhaçada é essa?”. Sem nenhuma base científica, o chamado "tratamento precoce" para covid-19, com uso de remédios como a cloroquina, vem sendo orientado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e por seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

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Fim do edital

A Prefeitura de Nova Lima informou ao Brasil de Fato MG, por meio de nota, que mandou cancelar o edital nesta segunda (25).

"O governo esclarece que, nesta segunda-feira (25), tomou as providências necessárias para anular o processo licitatório que previa a compra de medicamentos para enfrentamento da emergência de saúde pública e, conforme preconiza a legislação, a publicação será retirada do portal da transparência assim que o extrato de cancelamento de edital for publicado em um jornal de grande circulação, previsto para esta terça-feira (26/01).".

A instituição também declarou que, no momento, o vice-prefeito Diogo Ribeiro já está assumindo interinamente a função de secretário de Saúde do município.

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Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Elis Almeida e Camila Maciel