Ásia

Golpe em Mianmar: Exército alega fraude eleitoral e prende presidente e Nobel da Paz

Partido da líder civil Aung San Suu Kyi, vencedora do Nobel em 1991, e do presidente Win Myint venceu pleito em novembro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Sem provas, militares alegam que houve fraude eleitoral e pretendem governar o país por um ano - STR / AFP

Militares de Mianmar, país no sudeste asiático, deram um golpe de Estado na noite deste domingo (31) e assumiram o governo. Eles acusam a Liga Nacional pela Democracia (LND), partido do presidente Win Myint, de fraudar o resultado das eleições de novembro de 2020. 

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Win Myint é considerado um dos principais aliados políticos de San Suu Kyi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, secretária-geral da LND e conselheira de Estado até o momento do golpe. Os dois foram presos pelo Exército.

A rede de televisão estatal MRTV foi tirada do ar e serviços telefônicos na capital Naypyidaw também foram desligados. O número total de presos ainda não foi confirmado.

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Após dez anos do regime militar (1988-2011)

Em carta escrita antes de ser detida, Suu Kyi afirmou que o golpe significa o reinício de uma ditadura no país após dez anos. Ela pediu a seus partidários "que não aceitem isso" e "protestem contra o golpe".

A junta militar decretou estado de emergência e informou que pretende governar o país por um ano, até que haja condições para uma nova eleição.

O LND conquistou 396 dos 476 assentos no Parlamento em novembro, mas os militares detêm 25% do total de assentos de acordo com a constituição de 2008. O texto também prevê que o Exército comande parte dos ministérios. A Constituição de 2008 foi escrita pelos próprios militares, antes de cederem progressivamente o poder aos civis.

A Comissão Eleitoral Sindical do estado rejeitou as acusações de fraude eleitoral na semana passada.

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Antiga Birmânia, Mianmar é palco de conflitos religiosos há décadas. Muçulmanos são alvos de ataques pela maioria budista. Em 2015, o país teve as primeiras eleições livres desde 1990.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou "firmemente" a ação, que classificou como "um duro golpe para as reformas democráticas em Mianmar".

Edição: Camila Maciel