Ineficiência

Mortes por covid aumentam no Brasil e vacinação continua cercada de incertezas

País superou a marca de 9 milhões de infectados com velocidade recorde no crescimento de casos

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Vacinação contra a covid no Brasil segue a passos lentos. - Mauro Pimentel/ AFP
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A segunda semana de vacinação contra a covid-19 no Brasil se encerrou com avanço de casos em tempo recorde e o segundo pior patamar de mortes em sete dias.

Foram 7,5 mil casos entre o domingo (24) e o sábado (30). O país só havia registrado dados mais alarmantes em julho do ano passado, que teve 7.714 óbitos entre os dias 19 e 25. 

Enquanto isso, a campanha de vacinação segue lenta, com incertezas sobre a chegada de doses e insumos e sem sinalização de um calendário para a população em geral.

Na terça-feira (26), quando o país registrou mais de 61 mil novos contaminados em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro mentiu sobre o andamento imunização. 

Para uma plateia de investidores estrangeiros, em um evento de um banco internacional, ele disse que o Brasil era o sexto país que mais havia vacinado cidadãos e cidadãs. 

Na ocasião, no entanto, nem 0,5% da população havia sido imunizada. Monitoramento da plataforma Our World in Data - mostrava que o país era na verdade o sexto que menos havia aplicado doses.

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Em participação no podcast A Covid-19 na Semana, a residente em medicina de família e comunidade Fernanda Americano Freitas Silva, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, afirma que a demanda por vacinas é global e todas as nações enfrentam esse desafio. Segundo ela, é preciso investimento na produção nacional.

"É muito importante a gente ressaltar que a maioria dos países depende desses insumos para produção. A gente está diante de uma corrida pelo insumo. Uma corrida mundial que tem alta concorrência", resslalta.

Segundo Silva, para a campanha de imunização deslanchar no Brasil, o país precisa da produção nacional. "Essa tecnologia de produção já vem com descaso há anos. Enquanto isso, a gente caminha a passos lentos", afirma.

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Dois dias depois das afirmações inverídicas de Bolsonaro, na quinta-feira (28), o país ultrapassava a marca de 9 milhões de infectados pelo coronavírus. O patamar foi alcançado em tempo recorde, apenas vinte dias depois do registro de oito milhões. O Brasil nunca havia registrado tantos casos em tão pouco tempo. 

Também na quinta-feira, um estudo divulgado pelo Instituto Lowy, em Sydney, na Austrália, indicava que o Brasil é o pior é o pior país do mundo no combate à pandemia.  Entre 98 nações, o país ficou em último lugar na qualidade da resposta à propagação do coronavírus. Falhou na prevenção, no controle, no monitoramento de casos e na contenção dos óbitos. 

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A semana terminou com menos de 1% de imunizações. Fernanda ressalta que a situação do Brasil é singular.  "Apesar de a gente ter um bom programa nacional de operacionalização, nós não temos vacina". No sábado (30), o país chegou a dez dias seguidos de média diária de óbitos superior a mil. O número total de contaminados ultrapassou 1,4 milhão somente em janeiro.

"Temos ainda uma segunda onda que já está sendo pior que a primeira. Nós temos um governo que demorou a manifestar interesse em parcerias com laboratórios que estão na linha de frente da produção da vacina e que além de tudo negou a gravidade do problema. Hoje a gente colhe os frutos dessas decisões.", completa a médica.

Edição: Leandro Melito