REPERCUSSÃO

Rihanna e Greta postam sobre greve de agricultores na Índia e incomodam governo Modi

Os trabalhadores estão em greve desde novembro e exigem a revogação da reforma agrícola apresentada pelo governo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Greve contra leis do governo Modi acontece desde novembro de 2020 - Foto: Narinder Nanu/AFP

O ministério das Relações Exteriores da Índia criticou a cantora pop Rihanna e a ativista Greta Thunberg publicamente nesta quarta-feira (3), após as personalidades publicarem em suas redes sociais sobre a mobilização histórica de agricultores que acontece no país.

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Os trabalhadores estão em greve desde novembro e exigem a revogação da reforma agrícola apresentada pelo governo nacionalista e de extrema-direita de Narendra Modi ano passado, que privilegia grandes mercados em detrimento dos pequenos agricultores. 

Na terça-feira (2), Rihana publicou uma notícia da CNN em sua conta no Twitter, que tratava sobre os cortes de internet na capital Nova Dheli durante protestos na semana passada - prática comum do governo hindu. 

"Por quê não estamos falando sobre isto? #FarmersProtest", escreveu a cantora. A mensagem recebeu mais de 650 mil curtidas e foi retuitada mais de 230 mil vezes. 

A ativista Greta Thumberg, que atua em defesa do meio ambiente, manifestou-se em solidariedade à mobilização dos agricultores pela mesma rede horas depois, ampliando o alcance das críticas à reforma agrícola.

Para o governo indiano, as personalidades internacionais causam uma “interferência sensacionalista”.

Em nota, o ministério das Relações Exteriores lamenta pelo teor das publicações internacionais, sem citar diretamente a cantora ou a ativista, e afirma que os protestos são assuntos internos ao país.

O pronunciamento registra ainda que as criticas teriam sido feitas por uma parcela pequena dos agricultores e que os protestos que ocorreram no último dia 27 de janeiro, Dia da República da Índia, mancharam a data comemorativa.

“Antes de se apressar e comentar questões  como essas,  insistimos que os fatos sejam verificados e que haja uma compreensão adequada do que está em jogo. A tentação de hashtags e comentários sensacionalistas nas redes sociais, especialmente quando recorridos por celebridades e outras pessoas, não é exata, nem responsável”, diz a nota, publicada com a hashtag #IndiaAgainstPropaganda (Índia contra a propaganda). 

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Apesar das alegações do governo Modi, os protestos populares apresentam capilaridade e força há semanas. 

De acordo com a Samyukta Kisan Morcha (Frente Unida dos Agricultores, em português), uma coalizão de organizações de agricultores que estão acampados há dois meses nos arredores de Nova Delhi, as medidas apresentadas pela reforma agrícola do governo privilegiam grandes comerciantes em detrimento da agricultura familiar ao liberar os mercados agrícolas.

Os produtores temem que as leis deem mais espaço para as empresas e façam com que o rendimento dos camponeses, já abalado pela pandemia do coronavírus, apresente queda ainda maior. 

Edição: Leandro Melito