COMBATE À CORRUPÇÃO

MP venezuelano ordena prisão de quatro diretores da PDVSA Gás por extorsão

Funcionários da principal empresa estatal do país cobravam propina em dólares para abastecer botijões de gás

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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O procurador geral da Venezuela, Tarek William Saab, emitiu ordem de prisão contra o presidente e outros três diretores da estatal PDVSA Gás Comunal - Prensa Latina

O Ministério Público da Venezuela emitiu uma ordem de prisão contra quatro diretores da estatal PDVSA Gás Comunal, nesta quinta-feira (4), por fazerem parte de uma rede de extorsão. 

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Jacob Grey (presidente da PDVSA Gás Comunal), Yohandry José Guevara Álvarez (gerente da unidade de Charallave), Oriana Alejandra Betancourt Corales (gerente da unidade de Apacuana); e Eder Alexis Dugarte (gerente da unidade de El Tambor) foram acusados de cobrar uma propina em dólares para fornecer o serviço de gás a algumas comunidades ou a empresas que comercializavam o produto em dólares, de maneira ilícita, na capital Caracas e na região ocidental do país.

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O ex-presidente da empresa atuou como diretor nacional da Direção de Prevenção de Delitos do Ministério de Interior, Justiça e Paz, até setembro de 2019 e antes foi militante da Juventude do Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) - partido governante.

A trama foi descoberta depois da detenção de Adán Contreras, presidente da empresa Maracay Gás 2020, que vendia botijões de gás doméstico na capital do estado Aragua, sem permissão das autoridades venezuelanas. Cada botijão podia custar de US$ 10 a US$ 40 (aproximadamente de R$50 a R$200), dependendo da capacidade de armazenamento. Valores bem superiores aos oficiais: a última tabela de preços da PDVSA vai de 10 a 20 bolívares soberanos, equivalente a menos de US$ 0,1. 

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No local foram encontrados 4 mil cilindros de gás. Em seu depoimento, um dos detidos afirmou que somente nas últimas semanas, já havia vendido 12 mil cilidros de gás e cobrado uma propina equivalente a 24 mil dólares. 

O procurador geral da Venezuela, Tarek William Saab ainda assegurou que a rede de corrupção contratava milicianos armados para reprimir os distribuidores de gás.


Jacob Grey Varela antes de ser presidente da PDVSA Gás Comunal foi diretor do Organismo de Prevenção de Delitos do Ministério do Interior, Justiça e Paz. / Reprodução / La Tabla

A Venezuela sofre uma grave crise de desabastecimento de combustível desde 2019. Com a diminuição de 60% da produção petrolífera, as sanções impostas pelos Estados Unidos e a falta de manutenção na estrutura das refinarias - quase todas construídas com tecnologia estadunidense - o país é cenário de filas intermináveis nos postos de gasolina e à espera de gás doméstico.

No interior do país, o fogão a lenha se tornou a única opção para o cozimento das refeições. 

Combate à corrupção

Na mesma coletiva de impresa, Tarek William Saab anunciou a condenção de Richard Grillet Álvarez, ex-guarda da Assembleia Nacional, acusado de terrorismo, traição à pátria e organização criminosa.

Grillet Álvarez teria permitido o roubo de armamento do Palácio Federal Legislativo para promover atividades golpistas. Também foi vinculado a um militar desertor, denunciado por organizar e a treinar milícias de ex-militares venezuelanos na Colômbia.

Edição: Rogério Jordão