Moradores de Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, realizaram nesta segunda-feira (8) um ato para cobrar reparação da mineradora ArcelorMittal. Há exatamente dois anos, eles tiveram que deixar as suas casas depois que foi constatado o risco de rompimento da barragem da cidade, que integra a Mina Serra Azul, de responsabilidade da empresa.
Na ocasião, foram removidas 84 famílias, que hoje vivem em alojamentos ou imóveis alugados. Quem ficou no local também foi prejudicado, perdendo fontes de renda – sem acesso ao auxílio emergencial – e até mesmo a saúde, como conta a moradora Patrícia Odione, integrante da comissão de atingidos do município.
Hoje contamos só com um comércio, todos os outros faliram
“A comunidade nunca mais foi a mesma e temos medo que ela se torne um ‘lugar fantasma’. Hoje contamos só com um comércio, todos os outros faliram. A gente vivia de vender alimentos… Caseiros e sitiantes foram impactados, mudou todo o cotidiano. A gente fica respirando essa poeira, muitos idosos estão doentes”, diz.
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Patrícia relata que ninguém sabe ao certo quando poderá retornar ao lar e retomar a vida normal, que a mineradora não fornece soluções e estaria descumprindo acordos. Alguns deles são o trato firmado com o Ministério Público de que a ArcelorMittal zelaria pelos imóveis que foram abandonados às pressas, e o de que não iria explorar a mina de Lagoa das Flores.
“A mineradora sempre fica nessa posição de enrolação. Culpa a pandemia sendo que tudo aconteceu antes [8 de fevereiro de 2019]. No início vieram com um valor simbólico de R$ 5 mil para gente porque a região da Lagoa das Flores era de risco e agora falam que não é mais, continuam explorando lá, com maquinário, inclusive colocando trabalhadores em perigo. É muito barulho, sujeira”, afirma Patrícia, que ressalta que as casas vazias em Itatiaiuçu estão deteriorando com o passar do tempo. “A alegria da cidade acabou. E aqui era um paraíso”, declara.
Confira a lista completa de reivindicações dos moradores:
– Reparação integral de todos os atingidos.
– Celeridade na aceitação da matriz de danos e início das indenizações.
– Manutenção digna dos terrenos da Zona de Autossalvamento (ZAS).
– Ações emergenciais para comerciantes e moradores das comunidades atingidas.
– Manutenção do auxílio emergencial como não-indenizatório por mais um ano.
– Que o acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PEABM) não sirva de moeda de troca para adquirir os terrenos.
– Respeito à vontade e demandas dos atingidos.
– Sem passagem de transportes ou maquinários para construção do Dique pela comunidade de Lagoa das Flores.
