Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Bem viver Cultura

CULTURA

Artigo | Cintura Fina, uma pioneira

Branda no trato e cordial nas relações sociais, virava uma pessoa irascível se fosse alvo de injúria

10.fev.2021 às 01h07
Belo Horizonte
Luiz Morando

“Eu sou mulher, e nasci mesmo foi para os homens” - Créditos da foto: Divulgação

Cearense de nascimento, a travesti Cintura Fina se tornou belo-horizontina por escolha. Nascida em 1933, desde os 14 anos passou a viver independente, iniciando sua trajetória como trabalhadora do sexo ainda em Fortaleza, passando por Natal, Recife e Salvador, chegando a Belo Horizonte em 1953.

Com 20 anos e uma experiência de vida já consistente, sabendo como se virar para sobreviver e como reagir às importunações de populares e à violência de clientes e policiais, Cintura Fina construiu algumas formas de resistência para impor a expressão de sua sexualidade e se fazer respeitar.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

Em um centro urbano ainda pouco cosmopolita, Cintura Fina era vista circulando pela zona boêmia, à luz do dia, vestida com trajes e adornos atribuídos ao sexo feminino: sandálias e vestido, leve maquiagem, esmaltes nas unhas, cabelo com corte feminino, sobrancelhas pinçadas. Transgredindo constantemente os padrões binários de gênero, ela marcou as décadas de 1950 e 60 na capital mineira ao performar uma identidade de gênero feminina em um período em que essa expressão era sinônimo de desvio, anormalidade, doença, imoralidade, delinquência.

Em 28 de junho de 1964, após beber algumas doses de aguardente acompanhada de um homem durante o almoço em um bar, ela propôs que os dois fossem a um hotel. Indignado, o homem reagiu com dois tapas no rosto de Cintura. Violência e desrespeito nunca foram aceitos pela travesti, nem para si nem para as mulheres, suas companheiras de trabalho, as quais ela sempre socorreu e protegeu. Em pouco tempo ela deixou o homem desacordado na rua, em frente ao bar. Levada à delegacia, durante seu depoimento ao delegado, ela declarou (tendo sido registrado textualmente no inquérito): “Eu sou mulher, e nasci mesmo foi para os homens”.

A partir de 1972, passou a se anunciar como Zezé Alfaiate

Essa ocorrência, entre outras, ajuda a compreender um pouco da trajetória de vida de Cintura Fina e sua ambivalência: branda no trato, cordial nas relações sociais, prestativa e disposta ao trabalho, virava uma pessoa irascível e incontrolável se se visse alvo de deboche, maus-tratos, injúria, importunação e violência física. A posse de uma navalha amarrada a um elástico, que sabia manejar e jogar com perícia para se proteger nos embates físicos, adicionava um traço de distinção a sua imagem.

Mas se esses elementos compõem um capital simbólico dúbio e oscilante para Cintura Fina, a imprensa, as instituições da Segurança Pública e o Judiciário se encarregam de operar conjuntamente para traçar uma imagem definidamente negativa na forma de representar sua índole, seu temperamento e sua personalidade. E isso pareceu pesar para Cintura Fina. Já nos anos 1970 e 1980, ela adotou mais ostensivamente um discurso de regeneração, ingressando inicialmente na atividade de costura.

A partir de 1972, passou a se anunciar como Zezé Alfaiate – seu nome civil era José Arimateia, de onde declinou Zezé, um apelido de duplo gênero. Em 1973, quando perguntada por um jornalista sobre Cintura Fina, ela responde: “Cintura Fina é meu irmão”. Nos anos 1980, já residindo em Uberaba, empregou-se em uma parte da década como enfermeiro.

Tais atitudes demonstram que sua própria identidade de gênero foi sendo deixada em plano secundário à medida que sua idade avançava, situação relativamente comum para a época, comprovando que a fragilidade física, a instabilidade da saúde, a solidão e a falta de perspectivas na velhice podiam levar travestis a abandonar seu processo identitário de gênero para ser retirada do desamparo social.

Luiz Morando é autor do livro "Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte (2020)", vendido neste site.

Editado por: Elis Almeida
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Resistência

Partidos e movimentos argentinos fazem ato contra prisão domiciliar de Cristina Kirchner

14,75% ao ano

Copom decide nesta quarta (18) se interrompe sequência de altas da Selic

batalha das ideias

Editora Expressão Popular, do MST, apresenta catálogo diverso na Bienal do Livro no Rio de Janeiro

Negociação

Sob pressão do Congresso, governo adia até 2026 regra que exige acordo sindical para trabalho em feriados

OPINIÃO

E os médicos cubanos?

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.