EM DEZ DIAS

Escolas de elite de São Paulo suspendem aulas por casos de covid-19

Apontadas como de excelência em segurança na volta às aulas, escolas privadas não conseguem evitar contaminações

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Em apenas 10 dias, a volta às aulas em São Paulo é marcada por casos de covid-19 tanta na rede pública quanto na rede privada - Foto: Reprodução

Dez dias depois da volta às aulas presenciais, escolas privadas do estado de São Paulo já registram casos de contaminação pelo coronavírus. Em instituições como Móbile, Santa Cruz, São Luís, Santa Marcelina, na capital paulista, e Jaime Kratz, em Campinas, todas classificadas como de elite, estudantes, professores e outro trabalhadores da educação testaram positivo para covid-19. Enquanto isso, na rede pública, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) já registrou 262 casos de covid-19 em escolas da rede estadual, em todo o estado.  

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Apesar do discurso de que os protocolos de saúde garantem a segurança da volta às aulas, o diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), Arthur Fonseca Filho, admitiu que situações como essas serão recorrentes enquanto a pandemia não estiver controlada. “Vão acontecer em todas as escolas quase todos os dias”, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. É justamente esse o argumento de professores e outros trabalhadores da educação, de escolas privadas e públicas, que não aceitam a volta às aulas na situação atual.

No Colégio Jaime Kratz, em Campinas, houve um surto. Foram registrados 42 casos de covid-19, sendo 37 funcionários e cinco estudantes. A escola vai ficar fechada até o dia 18 de fevereiro. A Vigilância Sanitária de Campinas, informou que o surto de covid-19 foi iniciado na semana anterior à volta às aulas, nas reuniões de treinamento e planejamento para preparar o atendimento dos protocolos de saúde.

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Na Escola Móbile, na zona sul da capital paulista, foram confirmados casos de covid-19 de uma professora e um estudante. Todas as turmas que tiveram contato com a professora, além da turma do estudante, tiveram de entrar em quarentena. A direção alega que não houve registro de contaminação na escola, já que esta professora e o estudante não tinham contato. As escolas privadas e públicas devem funcionar com no máximo 35% dos estudantes por sala.

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O Colégio São Luís, também na zona sul, afastou três turmas das aulas presenciais depois de registrar após a detecção de casos de covid-19. Os estudantes só devem voltar após a semana do carnaval. O São Luís também alega que a contaminação não se deu na escola.

Já no Colégio Santa Cruz, na zona oeste da cidade, foram registrados dois casos de covid-19 após a volta às aulas: um trabalhador e um estudante. A escola suspendeu as aulas da turma do 9.º ano que o estudante frequenta por dez dias. O colégio tem 2.600 mil matriculados e também está funcionando com 35% dos alunos por sala por dia.

Covid-19 na rede pública

A Apeoesp registrou, até a manhã de quinta-feira (11), 262 casos de covid-19 em meio à volta às aulas na rede estadual de ensino. As aulas foram retomadas na última segunda-feira (8), mas os professores tiveram de participar de atividades de planejamento presencial na semana anterior. O governo de João Doria (PSDB) não comenta os números levantados pelos professores, mas fechou sete escolas por casos de covid-19 nesta semana.

Os professores estão em greve desde segunda-feira (8) contra a volta às aulas em meio à pandemia do novo coronavírus, mantendo apenas as atividades de ensino remoto. Eles destacam a greve com uma ação sanitária, em defesa da vida. Segundo a Apeoesp, as escolas não foram adequadamente estruturadas como diz o governo Doria. Muitas delas ainda não tiveram sequer reformas concluídas.

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Entre os principais problemas estão a pouca ventilação das salas, espaços pequenos, aglomeração na entrada e na saída das aulas, álcool em gel vencido, falta de banheiros. Nesta semana, as escolas podem receber até 35% dos estudantes por sala.