Rejeição

Sociedade civil se articula com eurodeputados contra Acordo União Europeia-Mercosul

Organizações entregaram carta à presidência portuguesa do Conselho da UE e apontaram "caráter neocolonial" da proposta

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Sede do Parlamento Europeu em Bruxelas
Sede do Parlamento Europeu em Bruxelas - European Parliament

A Frente Brasileira contra o Acordo União Europeia-Mercosul enviou, esta semana, cartas à presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE) e a centenas de parlamentares europeus, por ocasião da reunião do Comitê sobre Comércio Internacional no Parlamento Europeu (INTA), em Bruxelas, capital da Bélgica.

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O documento de fundação da Frente foi assinado por mais de 120 organizações da sociedade civil brasileira, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Na avaliação dessas organizações, o Acordo UE-Mercosul poderá impor entraves ao desenvolvimento do Brasil, além de contribuir para um aumento significativo de violações de direitos humanos e socioambientais, em contradição com as medidas propostas para o enfrentamento da crise climática.

A Frente pretende estabelecer uma articulação com a presidência portuguesa do Conselho da UE, representada pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e com eurodeputados para tentar barrar a assinatura e ratificação do Acordo.

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"Considerando o caráter neocolonial deste Acordo, nos parece politicamente simbólico, como brasileiros-as, que Portugal sirva, agora, de porta-voz para interesses europeus que buscam reforçar os laços históricos de dependência entre nossos países, corroendo, em paralelo, as bases para a integração regional e as relações SulSul, menos desiguais", diz um trecho da carta. Leia na íntegra.

"A gente enviou, em especial, para os parlamentares portugueses, pelo fato de a presidência estar na mão de Portugal, para os parlamentares que estão na comissão de comércio da União Europeia, que é o grupo que está debruçado sobre o tratado, e para alguns grupos, como os 'verdes', que são mais acessíveis para esse tema e são simpáticos à nossa posição", disse, ao Brasil de Fato, Gabriel Casnati, um dos articuladores da Frente.

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A carta menciona a falta de transparência na elaboração do acordo e o papel do governo Jair Bolsonaro na devastação dos biomas brasileiros.

Várias das organizações que compõem a Frente participaram ativamente das discussões relativas à instalação e ao funcionamento da Organização
Mundial do Comércio (OMC) e foram vitoriosas ao derrotar a proposta que visava à construção de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) no início dos anos 2000.

O Parlamento Europeu é constituído por 705 eurodeputados, que representam os cidadãos de todos os Estados-Membros da UE.

Edição: Rogério Jordão