Em coletiva realizada hoje, quarta-feira (3), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO) passou as últimas definições do Comitê Extraordinário da Covid-19 com relação ao plano Minas Consciente – plano de retomada das atividades econômicas em Minas Gerais durante a pandemia. Ficou estabelecido uma nova classificação, além das outras três existentes (Verde, Amarela e Vermelho), a Onda Roxa, regiões em que a rede de saúde esteja em colapso, ou quase colapsando. As medidas de restrição serão estabelecidas por 15 dias.
No Programa Minas Consciente cada "onda" impunha orientações para as regiões naquela classificação. A Onda Roxa coloca medidas mais restritivas que as anteriormente classificadas.
Tabela de orientações para cada onda no plano Minas Consciente / Imagem: Governo de Minas
Panorama
"Estamos assistindo uma segunda onda, muito mais intensa que a primeira". O governador comenta que as expectativas do ano passado eram de um aumento progressivo de casos e depois uma queda, mas que uma segunda onda não era esperada. Ele associou a nova onda a nova cepa do vírus registrada.
Em sequência, deu um panorama das previsões de vacinação no estado. Com uma análise otimista, acredita que o Ministério da Saúde irá distribuir 80 milhões de doses da vacina contra a covid-19 no bimestre março-abril, ou seja, quatro vezes mais que no bimestre anterior. De acordo com o governador, todas as pessoas com mais de 60 anos serão vacinadas nesse período. O que terá impacto positivo direto no sistema de saúde.
Zema e o secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, reiteraram que o objetivo do governo de Minas é reestabelecer a capacidade da rede de saúde de cada região, não permitir que ninguém seja desassistido. Zema afirmou que o número de UTI's e leitos de enfermaria foram dobrados e que não houve desassistência em massa como em outros estados. "Tudo que podia ser feito, foi feito"
Onda Roxa
Agora a adesão ao programa estadual Minas Consciente deixa de ser opcional caso a região for classificada como "Onda Roxa". Isso porque, conforme Zema, as ações de combate a pandemia não podem mais se restringir aos municípios, visto que o colapso é geral. No momento, estão classificadas como "Onda Roxa" as regiões Noroeste e Triângulo Norte. As regiões em vermelho, Triangulo Sul, Norte e Leste do Sul, estão em observação.
A classificação da região é feita pelo Comitê Extraordinário da Covid-19 e as medidas de restrição serão estabelecidas, quando necessárias, conforme o critério de avaliação.
Medidas de restrição
Serão impostas as seguintes medidas de restrição para os municípios nas regiões da Onda Roxa durante 15 dias:
* Proibição da circulação de pessoas e veículos para atividades não essenciais;
* Toque de recolher entre 20h as 5h;
* Proibição de circulação sem uso de máscaras em qualquer lugar público ou coletivo, ainda que privado;
* Proibição de circulação de pessoas com sintomas gripais [menos em situação de busca por assistência médica];
* Proibição de reuniões presenciais, inclusive de familiares que não coabitam;
* Proibida qualquer tipo de evento público e privado que possa acarretar em aglomeração.
Além disso, os prefeitos têm a liberdade para decretarem as medidas de restrição mesmo que o município chefiado não esteja na Onda Roxa.
Expectativas
A expectativa do Governo de Minas é que, com essas medidas, o número de ocupação de leitos e de óbitos por pacientes com coronavírus se reduza. A subsecretária de estado de Vigilância em Saúde, Janaína Passos, alertou, também, que os munícipios se preparem para receberem mais doses da vacina esse mês.
Críticas ao governador
"Tudo que podia ser feito, foi feito". A colocação do governador contraria suas ações do início da pandemia, quando, em abril de 2020 o governador de Minas Gerais criticou a ação de prefeitos que impuseram medidas restritivas em cidades com casos confirmados de covid-19 e, em uma videoconferência, disse que o Vírus precisava viajar.
Bruno Pedralva, secretário geral do Conselho Municipal de Saúde de BH, considera as medidas insuficientes para enfrentar a gravidade da pandemia aqui em Minas. Isso porque, avaliando os dados, tanto da velocidade da transmissão, quanto da ocupação de leitos, são extremamente preocupantes e, segundo a avaliação dele, o estado tem que ser mais firme na sua postura de apoiar as medidas de distanciamento social, orientar o fechamento dos serviços não essenciais, até para que as prefeituras tenham força para fazer o que lhes compete, e naturalmente, conscientizar a população.
"A situação é grave, já estamos diante de colapso de sistemas de saúde locais e isso provavelmente implica em uma imensa possibilidade de pessoas morrerem sem assistência".
