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Escolas municipais de SP registram 3 mortes e 386 casos de covid após volta às aulas

Sindicatos de trabalhadores da educação buscam fortalecer greve nas escolas municipais paulistanas

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Para os trabalhadores, não há condições seguras para retomadas das aulas presenciais nas escolas da cidade de São Paulo - Arquivo / Agência Brasil

As escolas municipais da cidade de São Paulo tiveram três mortes por covid-19 e 569 casos confirmados entre alunos e profissionais em 256 unidades de ensino, segundo levantamento dos cinco sindicatos que organizam os trabalhadores da educação municipal.

Parte dos professores e outros trabalhadores da educação seguem em greve reivindicando a suspensão das aulas presenciais devido ao alto risco de contaminação pelo novo coronavírus, além do iminente risco de colapso na saúde.

A Secretaria Municipal da Educação do governo Bruno Covas (PSDB) não faz divulgação dos casos e diz apenas que 12 escolas precisaram ser fechadas desde o início das aulas.

Para os trabalhadores, não há condições seguras para retomadas das aulas presenciais nas escolas da cidade de São Paulo, sobretudo em meio ao agravamento da pandemia.

Entre os principais problemas, apontam a falta de ventilação das salas de aula, materiais para proteção e higiene – como álcool gel 70% e máscaras distribuídas pelo governo Covas – de baixa qualidade, impossibilidade de manter o distanciamento em unidades da educação infantil, falta de professores, falta de equipes de apoio.

Desorientados

O próprio governo Covas assumiu que o preparo das escolas foi insuficiente quando, há dois dias da volta às aulas, passou a comunicar famílias que a retomada seria adiada, porque 530 escolas ainda estavam em reforma ou sem equipe de limpeza contratada para atuar nas unidades.

Os trabalhadores também apontam que falta clareza nos protocolos para casos de covid-19 nas escolas. Em algumas regiões, apenas a pessoa com sintomas é afastada. Em outras, todos que tiveram contato. Em outras ainda, toda a escola é fechada.

Os trabalhadores atribuem essa situação ao desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), no ano passado, órgão responsável por definir as regras sanitárias, mas que hoje está subordinado ao secretário Municipal da Saúde. E, por isso, sem poder de decisão.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), a retomada das atividades presenciais nas escolas em meio à pandemia de covid-19 não foi precedida de um parecer técnico que estimasse os riscos, fizesse projeções e definisse claramente os procedimentos quando surgissem casos de covid-19 nas escolas.

O Sindsep diz que a informação foi repassada por profissionais da Secretaria Municipal da Saúde, em mesa técnica de covid-19, no dia 23 de fevereiro.

Político e autoritário

A RBA questionou quatro vezes a Secretaria Municipal da Saúde sobre o parecer técnico que embasou a retomada das aulas presenciais nas escolas em meio à pandemia de covid-19, mas não teve nenhuma resposta.

No ano passado, a Covisa se posicionou contra a volta às aulas em várias oportunidades. Neste ano, porém, o governo Covas decidiu que a retomada poderia se dar até mesmo durante as fases vermelha e laranja da quarentena, quando o risco de contaminação pelo novo coronavírus é substancialmente maior.

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“A decisão de Covas e do secretário municipal de educação, Fernando Padula, no mês de fevereiro, foi uma decisão política, sem parecer técnico favorável de especialistas da saúde da própria prefeitura, ou da Covisa, órgão que foi desmontado por Covas e perdeu autonomia", disse o presidente do Sindsep, Sérgio Antiqueira.

Antiqueira afirma que a Saúde foi consultada apenas sobre a elaboração de protocolos para o funcionamento das escolas, mas não quanto aos riscos epidemiológicos de reabertura nesse momento

. "Essa afirmação desmente a Secretaria Municipal de Educação, que tem afirmado que a reabertura das escolas tem se baseado na posição da Secretaria Municipal de Saúde”, ressalta. Os trabalhadores estudam denunciar a situação ao Conselho Municipal da Saúde e ao Ministério Público