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Bolsonaro continua ignorando a presença de cerca de 15 mil médicos brasileiros

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O governo têm uma atitude de desprezo aos médicos brasileiros. Uma atitude de agressão, dizendo que 'se eles querem cuidar das pessoas, eles que voltem para os países onde se formaram' - Romeu Escanhoela / Fotos Públicas
Estes médicos poderiam ter sido chamados para atuar e cuidar do nosso povo

No meio do crescimento de casos e de mortes, no meio do surgimento de novas variantes do vírus que infecta mais jovens - e que têm maior capacidade de transmissão e possívelmente associadas à maior letalidade - o governo Bolsonaro continua ignorando a presença de cerca de 15 mil médicos brasileiros formados no exterior e os impedindo de atuar aqui no nosso país pelo programa Mais Médicos.

Estes médicos poderiam ter sido chamados para atuar e cuidar do nosso povo. 

Faz muita falta essa força de trabalho de médicos e médicas em todo o país. São profissionais que já atuaram nas áreas mais pobres do país, nas comunidades mais vulneráveis, nas áreas mais remotas e que poderiam estar cuidando da população brasileira neste momento tão difícil. 

A lei existe, que é a lei do Mais Médicos, mas o governo federal se nega, desde o começo do governo Bolsonaro, a chamar estes profissionais. 

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Inclusive, o governo têm uma atitude de desprezo a eles. Uma atitude de agressão, dizendo que "se eles querem cuidar das pessoas, eles que voltem para os países onde se formaram". 

Essa é uma agressão inadimissível a jovens brasileiros que buscaram realizar seu sonho de serem médicos, se formando em outros países.

Estes jovens querem voltar para cuidar do nosso povo - e mesmo diante da maior trajédia humana nesta pandemia - o governo Bolsonaro se nega a chamá-los.

Outro episódio desta crueldade com esses médicos e com o povo brasileiro é o que o governo Bolsonaro faz com o Exame Nacional de Revalidação. O Revalida foi criado na gestão do governo Dilma, quando eu era ministro da Saúde e o Fernando Haddad era ministro da Educação. 

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Desde o governo Temer não se realizam as provas do Revalida até o final. Ou seja, não concedem a oportunidade de validação do diploma de médicos formados no exterior de atuarem no Brasil. 

Em 2019, o governo federal passou a ser obrigado a realizar, no mínimo, dois exames Revalida por ano. Inclusive têm projetos e emendas minhas, que passaram no Congresso Nacional, que contribuem para essa obrigatoriedade. 

Nem em 2020, em plena pademia, o governo federal cumpriu isso. Fez apenas uma edição que até agora não se encerrou, ou seja, a segunda fase ainda não existiu. 

Fizemos no meu mandato de deputado federal uma ação peticionando, junto ao Ministério da Educação, para que esclareça o mais rápido possível aos vários jovens que já fizeram a primeira fase da prova do Revalida e que estão esperando até agora as informações sobre a segunda fase, como edital, data e local. 

Mas nada, o governo federal deixa milhões de brasileiros sem médicos e milhares de médicos brasileiros sem poderem cuidar do nosso povo. 

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Leandro Melito