Rio Grande do Sul

INTOLERÂNCIA

Jeferson Tenório recebe ameaças por escrever sobre Paulo Freire e Lula

Primeiro negro eleito patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2020, escritor carioca denunciou ataques à polícia

“Aos que pensam em calar vozes com táticas de intimidação, saibam que não vamos nos calar diante das atrocidades. A política do medo não vai vencer”, avisa Tenório - Divulgação

O escritor e colunista do jornal Zero Hora, Jeferson Tenório, acabou de informar que no final da tarde desta quinta-feira, 18, fez um Boletim de Ocorrência no qual denuncia à Polícia Civil do Rio Grande do Sul que está recebendo “mensagens com ameaças, ofensas e intimidações”. As mensagens de ódio foram motivadas por dois recentes artigos publicados nos quais faz referências a Paulo Freire e a Lula.

No primeiro texto, o colunista elogia o educador Paulo Freire (1921-1997). No último, sob o título Queiram ou não, Lula fez o discurso do ano, o articulista disse que “independente das opiniões contrárias sobre ele”, Lula é um grande orador.

Sobre o ex-presidente, Tenório ainda registrou: “Lula saiu maior ao recuperar seus direitos políticos. No entanto, o único diálogo impossível é com o autoritarismo. Há uma falsa ideia de que os discursos de Bolsonaro e Lula apontam para uma polarização. O que me parece um raciocínio raso, pois como escrevi em minha coluna anterior: com negacionista não tem diálogo, se combate. Com ciência e informação confiável.”

O escritor, logo após postagem em sua conta no facebook começou a receber uma forte corrente de solidariedade.

“Aos que pensam em calar vozes com táticas de intimidação, saibam que não vamos nos calar diante das atrocidades. A política do medo não vai vencer”, avisou.

Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre em 2020, Tenório também é professor de língua e literatura nas redes pública e privada de ensino de Porto Alegre.

Seu último livro, o romance O avesso da pele (Companhia das Letras) ocupou a terceira posição entre os best-sellers da última Feira Literária de Parati (Flip).

A obra, que entrou no ranking dos livros notáveis de 2020 feito pela Folha de São Paulo já têm edições programadas pelas editoras Pinguim Randon House, de Portugal, e pela canadense Mémoeire D’encrier para ser distribuído em todos os territórios de língua francesa.

Edição: Extra Classe