Paraíba

SENSATEZ

Sem vida, não há futebol

Um pouco de prudência das federações de futebol e dos clubes não levaria os times à bancarrota.

João Pessoa - PB |
Ilustração - Reprodução

Por Enver José*

23 de março de 2021. Mais de 3 mil mortes causadas pela COVID-19 no Brasil. Mais de 1.000 só no estado São Paulo. 

Neste dia, nossa futura promessa de acesso à série B, Clayton Rosa (Botafogo-PB), compartilhou em redes sociais um vídeo do jogador Felipe Melo (Palmeiras), questionando o cancelamento dos jogos de futebol em São Paulo. 

A tese do jogador Felipe Melo é aquela falsa ladainha repetida pela direita, em que os trabalhadores precisam, a todo custo, trabalhar em meio à pandemia porque não há outra saída para salvar seus empregos! 

Sim, Felipe Melo e Clayton Rosa, temos que trabalhar, mas será a todo custo? Não temos saída?! Se medidas de isolamento não forem realizadas, quem estará vivo para trabalhar nesses empregos?! É suficiente, para o trabalhador brasileiro, o valor de 175 reais ofertado pelo Governo Federal durante 4 meses?! 

Será que clubes de pequeno, médio e grande porte, paralisando as atividades por 1 ou 2 meses, estariam entrando em falência, a ponto de não conseguirem pagar os salários dos jogadores?! Será que as federações de futebol não poderiam articular, junto aos governos, um aporte financeiro para os pequenos e médios clubes?! Os contratos televisivos e de demais patrocinadores seriam cancelados?! O dinheiro da bilheteria deixaria de ser arrecadado?! Qual bilheteria?!

O técnico do América-MG, Lisca Carlos, tem sido uma das vozes raras e dissonantes de dentro do futebol, apoiando a paralisação dos campeonatos. O técnico fala por treinadores e pelos trabalhadores do futebol que não estão jogando em campo, mas que estão envolvidos, se arriscando e morrendo pelos seus trabalhos nas “beiradas de campo”.  

É fundamental que, nesse momento, mais vozes se somem à de Lisca, pois, sem vida, não há futebol!

Um pouco de prudência nas declarações virtuais não faria mal a esses jogadores. Um pouco de prudência das federações de futebol e dos clubes não levaria os times à bancarrota. 

Estamos vivendo o pior momento de pandemia no Brasil. Precisamos estar vivos para jogar, torcer e vibrar pelo futebol!
 

*Torcedor do Botafogo-PB e membro da Consulta Popular.

Edição: Cida Alves