MULTILATERALISMO

Em reunião do Mercosul, Argentina propõe criação de Observatório da Democracia

Evento virtual comemorou 30 anos da criação do bloco e terminou com discordâncias sobre flexibilização de tarifas

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Presidente da Argentina, Alberto Fernández discordou do mandatário uruguaio Luis Alberto Lacalle Pou sobre redução de taxa de importação de produtos de fora do bloco - Reprodução

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, propôs, nesta sexta-feira (26), durante reunião do Mercosul, a criação de um observatório para monitorar as democracias dos países que integram o bloco. Segundo ele, a intenção é criar um esforço comum para proteger e promover, de forma permanente, os valores democráticos.

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“Proponho um esforço comum, orientado a nos comprometermos com a proteção permanente e a promoção da democracia, da liberdade e da paz na região”, disse o mandatário argentino.

Em seu discurso de abertura da reunião que celebrou os 30 anos do Mercosul, ele reforçou o papel de união que o bloco desempenha e afirmou que "não é um tempo de individualidades, é um tempo de unidade". 

Fernández também propôs a criação de um outro observatório para prevenção da violência de gênero, “como parte fundamental dos compromissos que assumimos para alcançar a igualdade substantiva que a nossa região precisa”.

Já o presidente da Bolívia, Luis Arce, reivindicou a integração dos países da América do Sul para enfrentar as crises geradas pela pandemia.

“Temos certeza de que somente com a integração poderemos enfrentar os enormes desafios que temos pela frente. Instamos os países membros e associados a trabalharem juntos para superar a enorme crise econômica e social da pandemia sob os princípios da dignidade, complementaridade, equilíbrio e equidade entre nossos povos”, disse. 

Além disso, o mandatário boliviano reiterou a disposição da Bolívia em fazer parte do Mercosul como membro pleno, por considerar que a adesão do Estado Plurinacional representaria uma oportunidade para fortalecer o bloco. O país faz parte do bloco há 24 anos como membro associado.

Desacordo 

Nem todos os Estados concordam com os rumos traçados pelo anfitrião da conferência comemorativa, o argentino Alberto Fernandez.

Brasil e Uruguai pediram uma "flexibilização" no bloco e a diminuição da Tarifa Externa Comum (TEC), que taxa produtos de fora do Mercosul. As regras da chamada Resolução 32.00, que exige consenso entre os membros em negociações externas, também foram motivos de divergência. 

“Não estamos satisfeitos. O Mercosul tem um peso, mas não pode ser uma carga, um espartilho no qual nosso país não possa se mexer. Já falamos em flexibilização, diferentes velocidades, o Uruguai precisa avançar. Vamos propor formalmente discutir a flexibilização. Precisamos que o Mercosul tome uma decisão”, apontou o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou.

O mandatário argentino respondeu dizendo que “não queremos ser uma carga para ninguém, se somos uma carga, que nos deixem”. 

Em sua breve participação, o presidente Jair Bolsonaro concordou com seu homólogo uruguaio pela "modernização" do Mercosul. 

“O Brasil deseja contar com o apoio dos demais membros do bloco para seguir ampliando a rede de negociações comerciais extrarregionais de modo a contribuir para rápida retomada do crescimento e impulsionar um novo ciclo virtuoso no Mercosul”, afirmou Bolsonaro. 

O presidente brasileiro não acompanhou a discussão do encontro e abandonou a reunião mais cedo alegando motivos de agenda.