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Opinião

Artigo | Deu no New York Time: economia versus social em 2 retratos de Porto Alegre

"É urgente repensarmos como queremos que o nosso país e a nossa Porto Alegre sejam retratados mundo afora"

01.abr.2021 às 12h16
Observatório de Comunicação Pública
Marlise Brenol

Volta à Câmara de Vereadores de Porto Alegre projeto de lei para carcamento da Redenção e parques de Porto Alegre - Ricardo Stricher/PMPA

Quase 20 anos separam reportagens publicadas no jornal The New York Times que trazem a cidade de Porto Alegre como foco. No ano de 2002, o tema era o Fórum Social Mundial (FSM), evento realizado em contraponto ao Fórum Econômico Mundial, realizado pelas grandes potências econômicas; em 2021, o tema é como Porto Alegre se tornou o epicentro da covid-19 no Brasil, o que coloca a cidade, e o país, como uma das piores gestões da pandemia no Mundo. Em texto para o Observatório da Comunicação Pública, a jornalista Marlise Brenol resgata sua dissertação de mestrado, na qual analisou a cobertura que o jornal norte-americano fez do Fórum Social Mundial há quase 20 anos e afirma: “a ironia – e a remissão para a minha dissertação – está justamente no contraponto do social em relação ao econômico. Vinte anos depois, a sociedade gaúcha ainda discute as duas questões em 'caixas' separadas”. Para Brenol, não há dicotomia entre saúde e economia. Por isso, o resgate da história deve refrescar nossa memória para evitar repetição de erros.

Em fevereiro de 2002, Porto Alegre estampou as páginas do jornal impresso The New York Times (NYT) três vezes. Foram três reportagens na editoria de Internacional para abordar o evento chamado Fórum Social Mundial (FSM), que irrompia na capital do Rio Grande do Sul. Nessa época, a cidade implementava um modelo democrático inovador de discussão participativa do orçamento municipal. O evento organizado por universidades, organizações sem fins lucrativos, partidos políticos e outros atores sociais reuniu na capital dos gaúchos representantes de mais de 150 países. Hoje, quase 20 anos depois, a mesma cidade estampa as páginas online do jornal como exemplo de uma das piores gestões da pandemia no país e no mundo, com a reportagem Um colapso previsto (tradução minha).

A publicação me remeteu para a minha pesquisa de mestrado que analisou a cobertura do FSM pela imprensa em diversos jornais, entre eles o NYT. A dissertação foi defendida no programa de pós-graduação em Comunicação e Informação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2004. Na análise, identifiquei que a abordagem do evento pelo NYT foi estruturada em dois textos de relatos comportamentais sobre os participantes e um texto trazendo ao debate público as temáticas abordadas nas mesas e conferências em contraposição às temáticas discutidas no Fórum Econômico Mundial, encontro sediado em Nova York naquele ano.

A ironia – e a remissão para a minha dissertação – está justamente no contraponto do social em relação ao econômico. Vinte anos depois, a sociedade gaúcha ainda discute as duas questões em “caixas” separadas, como destaca o texto dos jornalistas Ernesto Londoño e Letícia Casado. No lide – primeiro parágrafo no texto informativo que situa o leitor no fato – os jornalistas afirmam que o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, adota o ato imperativo de orientar a população a “dedicar a vida para salvar a economia”. Em seguida, o repórter descreve a consequência: o colapso no sistema de saúde diante da explosão de casos de Covid-19. Ainda que se possa discutir a probabilidade de o ato do prefeito ter levado a esse desdobramento, o fato é que eles se apresentam em sequência cronológica no mundo da vida. 

As notícias de 2002 sobre o evento de Porto Alegre também destacavam essa dicotomia. No texto do dia primeiro de fevereiro, “Multidão pede foco no social”, o repórter Simon Romero abriu a reportagem assim “Enquanto a elite mundial se encontra em Nova York, milhares de vozes críticas à globalização estão no Fórum Social Mundial, uma discussão oposta à Park Avenue” (tradução minha). O outro relato sobre o evento, publicado em 7 de fevereiro de 2002, intitulado “Mais local do que mundial” (tradução minha) encerra com a seguinte frase “Acima de tudo, o evento parece ilustrar a força da democracia na nação de 170 milhões de habitantes, que emergiu de um regime militar. O governo federal não interferiu no encontro.” escreveu Simon Romero. O terceiro texto do mesmo repórter, com o título “Uma cidade de esquerda que faz dinheiro na sua própria batida” (tradução minha), destaca que as políticas de esquerda dos governos municipal e estadual não impediram a riqueza industrial no Estado, citando atividades de multinacionais como a Gerdau, a Telefônica e a GM. 

Diante de uma pandemia mundial e global, mais letal e violenta para o Brasil do que para muitos outros países de “elite”, as discussões sobre as questões sociais, entre elas a saúde pública como direito fundamental, extrapolaram a pauta de um evento “socialista” e se tornaram uma questão de humanidade. Debater os rumos da democracia diante do contexto sanitário, político e econômico mundial não é uma questão de esquerda, é uma questão de sobrevivência. Infelizmente, muitos gestores públicos atuais reproduzem discursos rasos e irrefletidos para sustentar falácias e erros que têm tido consequências fatais.  

É urgente repensarmos como queremos que o nosso país e a nossa Porto Alegre sejam retratados mundo afora. Eu opto pela Porto Alegre do Fórum Social Mundial porque nela cabia o debate, a deliberação e a construção de cenários de futuro. Na capital do começo do século havia aglomeração saudável e esperança de um outro mundo possível. Consciente de que não podemos retroceder no tempo e reescrever o texto do NYT sobre o colapso hospitalar, e nem recuperar as vidas perdidas nos últimos meses, me apego a uma última utopia. Que o resgate da história refresque a nossa memória e nos permita comparar os dois mundos de uma mesma cidade para evitar repetição de erros. Desejo que a tragédia atual se transforme em (re)ação em prol de uma cidade e de um país melhores de se viver. Neste lugar, além do horizonte, não há dicotomia entre saúde e economia. Há respeito à vida. 

* Jornalista, professora substituta na Universidade de Brasília (UnB), doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e integrante do grupo de pesquisa Núcleo de Comunicação Pública e Política (NUCOP).

Editado por: Observatório de Comunicação Pública
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