Caribe

Setor Democrático Popular rejeita diálogo com governo ilegítimo do Haiti

Mulheres haitianas se manifestaram no último sábado (3) contra o plebiscito impulsionado pelo presidente do país

Tradução: Vivian Fernandes

teleSUR* |
O Setor Democrático Popular considera a Polícia Nacional do Haiti como uma instituição capaz de perseguir opositores políticos - Reprodução Twitter @LouisJadotte

O Setor Democrático e Popular (SDP), um grupo formado por partidos moderados e radicais e organizações sociais no Haiti, recusou-se no último sábado (3) a estabelecer diálogo com o governo ilegítimo do país, em meio a uma aguda crise sócio-política.

Em um comunicado à imprensa, o SDP afirmou que ficou chocado "ao saber do massacre perpetrado em Bel Air pelos bandidos da organização criminosa chamada famílias G9 e Aliados, na tarde de 1 de abril de 2021".

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Ao também responsabilizar o presidente ilegítimo haitiano, Jovenel Moïse, a plataforma apontou que "a população haitiana, particularmente nos bairros desfavorecidos, continua sendo uma presa desses grandes predadores do direito à vida".  

Além disso, a organização denunciou o sequestro de um pastor e vários membros de uma igreja no distrito sul da capital, em uma Igreja Adventista em Diquini, no último 1º de abril, quando os sequestradores realizaram o crime sem qualquer preocupação.

Estes fatos levaram o Setor Democrático e Popular a considerar a Polícia Nacional Haitiana como uma instituição capaz de perseguir opositores políticos e sindicalistas, sem poder fazer nada para localizar bandidos e liberar as vítimas de sequestro, de acordo com a mídia local.

Com relação ao diálogo com esta plataforma, o presidente Juvenal Moïse não emitiu nenhuma consideração a partir de sua conta no Twitter. Somente no último dia 24 de março, o mandatário disse nessa rede social que: "Não podemos negar as tensões e diferenças, elas existem. O importante é saber como administrá-los, olhá-los de frente e assumi-los. Em unidade, em um diálogo honesto e sincero".

Centenas de mulheres haitianas se manifestaram nas ruas da capital Porto Príncipe, no último sábado (3), contra o referendo promovido por Jovenel Moïse, que tem o objetivo de endossar a elaboração de uma nova Constituição.

Sobre a nova Constituição, o presidente haitiano disse, em sua conta no Twitter, que a Carta Magna de 1987 "consagrou muitas conquistas, mas já teve seu dia. Devemos ter a coragem de adotar outra que, através de arranjos futuristas, levará o Haiti a um regime político mais equilibrado e menos suscetível de causar instabilidade", insistiu Moïse.

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Sabine Lamour, coordenadora da plataforma de Solidariedade da Mulher Haitiana, disse à mídia local, também no sábado, que os últimos decretos emitidos pelo governante reduziram todas as instituições republicanas à sua expressão mais simples, a fim de construir um poder pessoal baseado na violência de gangues armadas, com o apoio da comunidade internacional.

*Notícia publicada por teleSUR.

Edição: teleSUR